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CreatorCrate: Opinião

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No CreatorCrate nós vestimos a pele de uma impressora 3D que consegue fazer qualquer coisa. O único problema? Ela prefere ser livre.

O jogo é uma experiência de plataformas intensa, cheio de armadilhas electrificadas e robôs assustadores. O jogador deve lutar para se manter vivo enquanto à sua vai acontecendo um pouco de tudo, desde incêndios; explosões; lasers; poças de ácido e muito mais.

À primeira vista CreatorCrate parece ser a experiência de plataformas tradicional, mas há um pouco mais nesta experiência porque enquanto impressora 3D nós também podemos criar um pouco de tudo. Só precisamos de matéria biológica para imprimirmos objectos que nos vão auxiliar ao longo da nossa aventura.

O início da aventura

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A história começa com a introdução do mecanismo chamado “CreatorCrate” que é simultaneamente uma impressora 3D e o protagonista do jogo. Embora fantástica a impressora tem consciência da sua existência e em vez de se resignar à tarefa aborrecida de imprimir, ela decide tentar escapar do seu enclausuramento.

Não é uma história robusta, pelo contrário é um início tão rápido que a história tem um papel completamente secundário. Por um lado este tipo de experiências mais simples e imediatas são necessárias e apreciadas pelos jogadores, pelo outro a jogabilidade pode ajudar a contar-nos mais sobre a história e, quem sabe, torná-la interessante.

No entanto é um pouco difícil tornar a história interessante quando o protagonista é um objecto com vida. É verdade que tudo isto é uma abordagem com sentido de humor à experiência de plataformas, mas eu diria que um bom protagonista é meio caminho andando mesmo para videojogos que não se focam na história.

Neste caso particular estamos a falar de uma impressora 3D que, enfim, não é o protagonista mais cativante que eu já vi num videojogo.

Mas adiante, vamos à jogabilidade que é o que mais importa.

A jogabilidade

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As experiências mais simples regra geral fazem-se valer da força da jogabilidade e “CreatorCrate” não é excepção. O jogo mistura plataformas com a criação de objectos, resolução de puzzles e um ritmo intenso que leva inevitavelmente à derrota até descobrirmos a melhor estratégia.

Não é nem de longe nem de perto um conceito inovador mas funciona. Dito isto há um grande problema, o jogo foi concebido para ser uma experiência de teclado+rato embora tenha compatibilidade com o comando. Não é um problema para os jogadores que apreciam a jogabilidade clássica, porém é, digamos, um pouco estranho que não seja uma experiência à medida do comando.

Não vou mentir, sempre que jogo fico com a sensação de que estou a fazer uma regressão aos dias em que não havia outra hipótese senão a de jogarmos este tipo de jogos com o teclado e o rato. Por outro lado o facto de existir um braço robótico que nos ajuda na progressão e de ser necessário apontar esse mesmo braço, limita um pouco as opções de jogabilidade sendo certo que o rato oferece mais precisão do que um analógico.

Mesmo assim não deixa de ser uma decisão estranha, o comando é naturalmente o indicado para experiências de plataformas que exigem muitos saltos de precisão e embora exista suporte parcial, a realidade é que qualquer jogo desta natureza deve ser pensado para comandos e não para o “setup” teclado+rato porque mais parece uma regressão.

Escusado será dizer que para quem está mais habituado a jogar títulos de plataformas com o comando este jogo será uma dor de cabeça e dificilmente esses jogadores vão considerar o teclado+rato como uma opção.

Dito isto é compreensível que a equipa de desenvolvimento tenha escolhido este caminho, porque se é verdade que limitam o pouco o seu público e isso é sempre uma má ideia, também é verdade que a jogabilidade exige um controlo muito preciso e rápido que só seria atingível com o comando se de facto fosse uma experiência talhada para o mesmo.

A minha opinião pessoal é que foi uma má decisão e que ao final do dia vai afastar mais jogadores desta experiência.

O grafismo

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Visualmente “CreatorCrate” não é uma daquelas obras de arte que nos deixam boquiabertos. Longe disso este jogo limita-se a ser decente, com alguns cenários interessantes, animações relativamente sólidas e uma arte algo bizarra mas que no entanto se enquadra na temática humorística.

É um trabalho bastante mediado, sem surpresas considerando o seu preço e o facto de não ser um grande colosso, mas apesar disso existem outros títulos do género que sofreram com as mesmas limitações mas conseguiram surpreender bastante neste departamento.

É um facto, “CreatorCrate” está uns bons “furos” abaixo da concorrência o que misturado com uma jogabilidade que foi concebida a pensar no teclado+rato não abona muito a seu favor.

Acho que a equipa de desenvolvimento perdeu uma boa oportunidade para se exceder pelo menos neste departamento. Um maior foco no departamento artístico poderia ter resultado num jogo mais impressionante e ajudaria a quebrar a barreira do mediano.

Intenso, frenético mas pouco memorável

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Não é a primeira vez que me deparo com um jogo de plataformas algo intenso e frenético e “CreatorCrate” adiciona à mistura a criação, a habilidade de podermos atirar objectos contra os nossos inimigos e o tal braço robótico que permite não só pegar em objectos como também balançar em candeeiros.

É um desafio interessante, com alguma frustração pelo meio é verdade, mas que consegue proporcionar alguns momentos de divertimento. Mas apesar de tudo não é propriamente uma experiência memorável dentro do género, que é como quem diz, existem jogos de plataformas bem melhores e mais envolventes do que o “CreatorCrate”.

Não me interpretem mal, “CreatorCrate” é mais um daqueles jogos que embora não seja tecnicamente mau, é demasiado mediano no meio de um género dominado por jogos excepcionais.

É difícil recomendá-lo quando existem muitas e melhores alternativas no mercado mas para quem procura por um bom desafio e gosta de jogar principalmente com teclado e rato, talvez este jogo seja uma boa escolha.

Última atualização: Fevereiro 3, 2022 às 10:27

Divertido mas mediano

CreatorCrate tem os seus momentos e certamente consegue ser frenético e divertido, no entanto está uns furos abaixo da concorrência e é demasiado mediano para se destacar num género dominado por experiências de topo.

5.9
Não Recomendado:
5.9
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Paulo Figueiredo

O Figueiras é um elemento fundamental da Gaming Portugal e a figura mais respeitada da equipa. A sua vida atarefada impede-o de acumular uma posição de maior destaque. A sua participação na Gaming Portugal é motivada principalmente pelo gosto por gaming e dá-lhe um prazer especial saber que nesta casa a “independência” é uma característica definidora.

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