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Mullet MadJack – Análise

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Mullet Madjack é um FPS de ação frenética com elementos “roguelite” e no qual a nossa vida depende da velocidade com que matamos robôs.

Num futuro distante, os humanos e a Internet fundiram-se num novo ser. Agora esse novo humano precisa de dopamina a cada 10 segundos senão morre.

O mundo é controlado por robôs super-ricos chamados “Robilionários” e aqueles que ousam sobreviver os 10 segundos de vida para matarem esses robôs são chamados de “moderadores”.

Mullet Madjack conta-nos a história de um mundo que vai buscar inspiração à vida real e adiciona-lhe muita bizarria e sentido de humor.

A nossa missão é, imagine-se, salvar uma “influenciadora” que tem milhões de seguidores. Para o conseguirmos teremos de derrotar robôs que tentam desesperadamente atrasar a nossa progressão.

É verdade que o jogo é de certa forma uma paródia sobre as nossas vidas cada vez mais digitais, a imposição constante da Internet e o bizarro mundo dos “influenciadores”.

Mas ele também pode servir de chamada de atenção para não deixarmos que a vida digital nos absorva de tal maneira ou corremos o risco de perdermos a nossa humanidade.

Filosofias à parte, o mundo de Mullet Madjack é intenso; frenético; divertido e imensamente nostálgico.

A apresentação

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Estilo, estilo e estilo.

Mullet Madjack vai buscar inspiração não só às experiências de FPS’s dos anos 80 e 90, como também aos animes japoneses dessas mesmas eras.

Isto culmina num dos jogos com mais estilo que nós já tivemos a oportunidade de jogar. A sensação é semelhante à que tivemos em 2013 quando jogámos Far Cry: Blood Dragon pela primeira vez, outro jogo que se destaca pelo seu enorme estilo.

Mullet Madjack foi mesmo uma surpresa neste departamento, é que se por um lado nós estávamos à espera de uma apresentação relativamente simples, não estávamos à espera que, nessa simplicidade, ela fosse tão bem conseguida.

Desde o primeiro momento o jogo faz questão de “impor” o ritmo de toda a experiência. Intensidade, ação caótica e “non-stop” com muito sentido de humor à mistura e toda a glória do estilo dos anos 80/90.

Esta é a mensagem que Mullet Madjack faz questão de apresentar e depois da “cutscene” que nos “abre as portas” para a experiência, foi difícil não ficarmos entusiasmados e impressionados.

Honestamente é das melhores introduções a um videojogo que nós já vimos!

O grafismo e a arte

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Como já referimos acima, Mullet Madjack tem a particularidade de ser inspirado não só nos FPS dos anos 80 e 90 como também nas animes japonesas dessa altura.

É uma combinação inesperada mas que visualmente resulta muito bem e confere ao jogo uma unicidade que com toda a certeza ajuda a separá-lo da concorrência.

Mullet Madjack não é um jogo exigente do ponto de vista gráfico, pelo contrário até computadores de gamas mais baixas são capazes de corrê-lo sem qualquer problema.

Onde ele realmente brilha é no trabalho artístico e na habilidade com que a equipa de desenvolvimento foi capaz de implementar visualmente o conceito de FPS/OVA inspirado nos anos 80/90.

Cheio de cores vibrantes e com a glória neon de toda uma geração, Mullet Madjack é um jogo muito bem desenhado. Os efeitos visuais; os cenários; personagens e “bosses”, todos têm uma qualidade acima da média.

Este jogo é mais uma prova de que potência gráfica nem sempre é sinónimo de qualidade visual, e talvez seja por esta razão que equipas com tão poucos recursos conseguem rivalizar, e até ser mais bem sucedidas, do que as grandes equipas que trabalham em jogos AAA.

Sem necessitar de requisitos elevados, Mullet Madjack é um regalo para os olhos, um espetáculo visual que possui a mesma intensidade que caracteriza toda a experiência. A equipa de desenvolvimento está de parabéns.

Uma jogabilidade intensa, frenética, divertida e recompensadora

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Mullet Madjack é um FPS de ritmo intenso e progressão rápida. Ele exige dedo rápido no “gatilho” e também muita precisão na mira.

O conceito é simples. O jogador tem apenas 10 segundos de vida e a cada inimigo derrotado vai ganhando alguns segundos extra. O objetivo é não deixar o contador chegar a zero porque isso resulta em morte.

O tempo extra que vamos ganhando a cada inimigo derrotado varia de acordo com a dificuldade escolhida. Ou seja, nos modos mais fáceis temos mais alguns segundos de vida ou podemos eliminar o temporizador por completo.

Para os veteranos do género FPS, o modo normal com 10 segundos de vida e 2 segundos adicionais por cada inimigo derrotado chega perfeitamente.

Avançar; disparar; recarregar; pontapear e atacar corpo-a-corpo resume grande parte da experiência. Não é uma jogabilidade complicada mas há uma pequena curva de aprendizagem.

Felizmente a simplicidade garante que até os novatos não vão demorar muito a habituarem-se à jogabilidade. Já no que diz respeito a dominá-la a conversa é um pouco diferente…

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Mullet Madjack não é um jogo extremamente difícil mas pode revelar-se frustrante para quem tem pouca paciência ou cede aos nervos com facilidade. Não é nada que a derrota e repetição não ajudem a ultrapassar, mas lá está, pode ser frustrante para alguns.

Uma forma de lidar com a frustração é baixando a dificuldade do jogo, aprender a dominá-lo e depois ir aumentando o desafio gradualmente. No entanto, para a grande maioria dos jogadores isso não será necessário.

De resto o jogo só atinge o seu verdadeiro potencial quando começamos a fluir entre o movimento e o combate com maior precisão e, dependendo das capacidades individuais de cada jogador, isso pode demorar mais ou menos tempo a atingir.

Certos inimigos podem ser derrotados com um mero pontapé, outros necessitam de disparos certeiros e quando o tempo escasseia o ataque corpo-a-corpo com uma arma letal garante tempo extra.

A ideia é que o jogador encontre o seu próprio ritmo. Nem muito rápido ao ponto de ignorar inimigos e não ganhar tempo extra, nem lento demais ao ponto de deixar o contador chegar a zero.

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A experiência de jogo é no geral bastante divertida, existe variedade na jogabilidade e diferentes formas de abordar os obstáculos bem como diversas armas.

Embora existam “upgrades” durante a experiência e eles fiquem salvaguardados no “save” que ocorre sempre de 10 em 10 níveis, não existem “upgrades” permanentes.

Quando perdemos voltamos à estaca zero. Por exemplo, vamos supor que durante 10 níveis ficámos com uma nova arma e alguns upgrades e o jogo guardou esse progresso quando atingimos o décimo nível.

Se no nível 13 formos derrotados, voltamos a começar do 11, contudo é-nos retirada a arma e upgrades e começamos com a pistola de origem.

Não é o maior dos problemas, mas alguns upgrades permanentes talvez fossem uma ajuda preciosa sobretudo para os jogadores que encontrarem mais dificuldades.

A banda sonora e os efeitos sonoros não desiludem

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No departamento sonoro a experiência revela também bastante solidez com músicas e efeitos característicos da era que o jogo pretende representar.

Se gostas de um pouco de nostalgia sonora então Mullet Madjack é definitivamente “a tua praia”.

A longevidade

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Mullet Madjack é um jogo peculiar porque a sua longevidade vai depender da rapidez com que aprendemos a fluir na experiência de jogo.

Para aqueles jogadores habituados a FPS’s de ritmo mais intenso não vai ser necessário muito tempo para se habituarem à jogabilidade. A história tem algum desafio, mas os “saves” a cada 10 níveis tornam a progressão um pouco mais fácil.

Com a história completa o modo “endless” é desbloqueado o que pode estender a experiência para aqueles que procuram por um novo desafio.

No fundo a longevidade de Mullet Madjack é determinada muito mais pela vontade do jogador querer fazer cada vez melhor. Para quem gosta de bater recordes, pretende criar o “vídeo perfeito” ou demonstrar as suas skills de “speedrun” o jogo tem bastante para oferecer.

Já para o jogador comum, poderá faltar-lhe motivação para continuar a jogar após algumas horas. Aliás, até poderão existir escolhas melhores no mercado para quem procura por FPS de alta intensidade.

Última atualização: Maio 14, 2024 às 12:31

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Gualter Honrado

O Gualter é uma daquelas pessoas que deve ser hiperativa e nunca chegou a ser diagnosticada. O homem trabalha rápido e move-se nos “meandros” do mundo do gaming com uma agilidade tal que é uma espécie de “sniper” cá da casa. Ele dedica-se a um pouco de tudo, notícias; grandes jogos; jogos independentes; previews e ainda arranja tempo para jogar. O seu jogo preferido é o Portal.

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Helder Sousa

Adepto do ar livre e dos desportos radicais, nós nunca sabemos se no próximo fim-de-semana ele não irá longe demais, levando a equipa a ficar com um elemento a menos. Quer dizer, o exercício é uma coisa boa, mas quando isso envolve quedas de grandes alturas ou escaladas perigosas, talvez seja melhor ficar em casa a jogar videojogos.

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