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Rustler: Opinião

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Rustler é um jogo de mundo aberto que nos transporta para o impiedoso mundo medieval numa experiência que pretende ser uma homenagem ao estilo clássico do GTA. Pancadaria, roubos de cavalos e muito pouca precisão histórica prometem uma experiência divertida, mas será este jogo capaz de conquistar o seu espaço? A resposta está nas linhas que se seguem.

Nós vivemos na era do politicamente correcto e há quem diga que os títulos mais antigos do “franchise” GTA teriam hoje em dia sérias dificuldades a “verem a luz do dia”. Talvez seja verdade, mas será prudente levar demasiado a sério um videojogo de ficção?

Uma coisa é certa, a Jutsu Games não teve medo de abordar temáticas pesadas como a injustiça feudal; a inquisição ou até a caça-às-bruxas. Mas fê-lo sem nunca descurar o sentido de humor e sem nunca se levar muito a sério.

Vamos descobrir se o fizeram bem…

A história

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Tu és corajoso, tu és careca, tu és um bandido e tu acordas no meio do caos medieval com um olho negro e sem saber muito bem o que se passou na noite anterior. Com muito humor inapropriado aos estilo dos “Monthy Python” Rustler não é definitivamente um jogo que se leva muito a sério e isso faz parte do seu encanto.

A inspiração no “franchise” GTA é óbvia e desde a ação louca passando pelo “pimp my horse”, Rustler satisfaz a curiosidade de quem já imaginou como seria uma espécie de GTA durante os tempos medievais.

Com muitas quests, personagens carismáticas, histórias rocambolescas e mesmo com um orçamento limitado, Rustler já consegue fazer um trabalho decente no departamento da história e o sentido de humor até acerta mais vezes do que falha.

É claro que fiel ao seu estilo absurdo, nós nem sequer somos obrigados a seguir a história, aliás podemos até nem fazer quests e simplesmente explorar o mundo espalhando o caos no processo.

A liberdade é bem vinda, mas as missões têm alguns momentos memoráveis e absolutamente recomendados e como se isso não bastasse o diálogo é quase sempre excelente e muito divertido. Para além disso certas áreas só são acessíveis quando ultrapassamos determinados pontos na história pelo que é recomendado que a sigas.

O grafismo

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Rustler é um jogo de mundo aberto e por isso as limitações no departamento visual são inevitáveis. A equipa decidiu adoptar a perspectiva “top-down” num estilo de homenagem ao GTA clássico, ou seja, estamos a falar da clássica vista de cima.

Foi uma boa escolha porque uma perspectiva superior é mais útil para esconder a falta de detalhes ou imperfeições naturais de um jogo que simplesmente não tem condições para competir com as grandes referências do género.

Dito isto, Rustler é um jogo bastante sólido no departamento visual e um trabalho artístico de qualidade. O mundo tem personalidade e uma dimensão considerável e existe uma boa variedade de cenários.

As escolhas de design também reflectem o sentido de humor, por exemplo as luzes de sirenes sempre que os guardas – que são essencialmente o equivalente à polícia – iniciam a sua perseguição são hilariantes e este tipo de decisões repete-se ao longo de toda a experiência.

Não é um jogo super detalhado e consequentemente não é um jogo muito exigente, ou seja, computadores de gamas médias ou até mais baixas devem conseguir corrê-lo sem problemas.

A jogabilidade

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Rustler é na sua base um jogo de ação muito simples com controles fáceis de se perceber mas a sua execução requer alguma habituação e tem problemas. A movimentação seja a pé ou a cavalo é atabalhoada e um pouco frustrante especialmente quando ficamos presos.

Independentemente da utilização do rato+teclado ou do comando, estes problemas permanecem e tornam-se mais óbvios sobretudo quando andamos a cavalo. Ora como nós passamos grande parte do jogo a andar a cavalo, esse incómodo ganha proporções ainda maiores à medida que o tempo vai passado.

Por exemplo, nas missões em que devemos fugir dos guardas por vezes a fuga torna-se frustrante quando inexplicavelmente ficamos presos e temos sérias dificuldades por vezes até para fazermos uma simples curva.

Como se isso não bastasse o combate não é propriamente recompensador, pelo contrário são várias as vezes que perdemos o posicionamento de ataque durante os combates corpo-a-corpo. Mesmo quando utilizamos armas à distância, até algo tão simples como a pontaria, pode ser um desafio especialmente quando jogamos com o comando.

Na nossa opinião Rustler deveria ter sido um pouco mais moderno na sua abordagem aos controles do jogo. Quem sabe a ocasional mudança de perspectiva talvez ajudasse ou a possibilidade de fazermos “zoom” resolvesse alguns problemas. Infelizmente nada disto acontece e ficamos com a sensação de que é uma espécie de produto inacabado neste departamento.

Não estávamos à espera que a jogabilidade fosse um dos grandes problemas do jogo, pelo contrário esperávamos que fosse um dos últimos problemas. O orçamento reduzido pode justificar muitas falhas e a maior parte delas nós até estamos dispostos a aceitar porque são inevitáveis, no entanto a jogabilidade é o pilar que sustenta toda a experiência e se a base treme, o jogo sofre sempre com isso.

Por outro lado e embora tenhamos ficado um pouco desiludidos com a jogabilidade, é importante esclarecer que não estamos perante problemas extremos. Um pouco de habituação ajuda muito e, quem sabe, talvez no futuro a equipa de desenvolvimento faça ajustes na jogabilidade.

Há diversão, há divertimento mas não existem grandes surpresas

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Rustler é um jogo decente e sobretudo uma fascinante abordagem ao estilo do GTA adaptado aos sangrentos tempos medievais. É inegável que o estilo de jogo adapta-se na perfeição à temática e funciona como uma boa homenagem.

Mas para além de ser uma boa homenagem e de contar com alguns momentos hilariantes, Rustler é um jogo que não traz consigo nada de novo para o género. É deliciosamente violento, patético e é capaz de nos fazer rir, mas a grande verdade é que existem alternativas bem melhores no mercado.

Mesmo assim não é todos os dias que temos a possibilidade de jogar um “GTA medieval” o que só por si já tem algum valor. Que é como quem diz, se o GTA clássico é a tua cena então é provável que este seja um jogo para ti.

Em adição é importante deixar claro que apesar dos problemas de jogabilidade e de alguma frustração, a realidade é que nós nos divertimos a jogar Rustler, rimos com a mistura medieval com referências modernas e claro, não há melhor actividade do que visitar uma vila e espalhar o caos, elevar o alerta dos guardas ao máximo e depois enfrentar a perseguição.

É verdade que podia ter sido melhor mas também é verdade que poderia ter sido muito pior do que foi.

Última atualização: Fevereiro 3, 2022 às 09:02

Os fãs do GTA clássico vão apreciar

Rustler tem alguns problemas mas ao final do dia consegue oferecer uma espécie de GTA medieval que pode não surpreender em nenhuma área mas consegue proporcionar umas boas gargalhadas e muita ação tresloucada.

6.7
Recomendado (para fãs do GTA clássico):
6.7
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Helder Sousa

Adepto do ar livre e dos desportos radicais, nós nunca sabemos se no próximo fim-de-semana ele não irá longe demais, levando a equipa a ficar com um elemento a menos. Quer dizer, o exercício é uma coisa boa, mas quando isso envolve quedas de grandes alturas ou escaladas perigosas, talvez seja melhor ficar em casa a jogar videojogos.

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Marcio Olival

O Márcio é uma das forças editoriais da Gaming Portugal, ele também faz um pouco de tudo mas a sua preferência reside nos artigos de opinião. Regra geral ele não é comedido nas palavras, porém em vez de optar pela dureza extrema ele prefere quase sempre pelo sentido de humor.

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