Songs Of Silence – Análise

Songs Of Silence é um RPG por turnos com elementos de “auto battler” e gestão de recursos bem como um foco no pensamento estratégico.

Longe de ser uma novidade, Songs Of Silence foi aproveitando para reunir um consenso praticamente positivo durante o período de “acesso antecipado” e recebeu a sua versão final no passado dia 11 de novembro.

O jogo é uma abordagem interessante ao género porque traz consigo campanhas com um ritmo mais acelerado com elementos de gestão de exércitos, reinos e recursos, e um sistema de combate “auto-battler” no qual podemos ter alguma intervenção invocando poderes no campo de batalha.

Ele descreve-se a si próprio como uma mistura de Heroes of Might & Magic e Total War e como sendo um tipo de experiência que é capaz de “agradar gregos e troianos”, que é como quem diz, agradar novatos e veteranos do género.

A estratégia por turnos é um daqueles géneros que é sobejamente conhecido por não ser fácil de se entrar. Por isso é bom que existam equipas de desenvolvimento a optarem por abordagens mais acessíveis mas sem perderem as características definidoras do género.

Songs Of Silence é um pouco disso mesmo. Ele exige pensamento estratégico, mas fá-lo com alguma leveza e acessibilidade.

A história

Um bom RPG necessita obrigatoriamente de uma história envolvente e Songs Of Silence faz-se valer de um trabalho sólido neste departamento.

O jogo conta-nos uma história de um mundo que foi dividido em dois, um reino de luz para os “Starborn” e um reino de escuridão para os “Firstborn”, sendo que ambos são ameaçados pela Cruzada e os seus Purgatórios poderosos que devoram mundos, liderados pelo “Arbiter Garin”.

Existem vários reinos mas a história foca-se no povo de um deles: Ehrengard, que é liderado pela jovem rainha, Lorelai.

Ela é a herdeira da família governante de Ehrengard, a única sobrevivente da sua linhagem após a sua família ter sido massacrada num ataque brutal pela Cruzada – fanáticos religiosos que estão a espalhar o Silêncio por toda a terra.

Apesar de ser estoica e calma, a juventude de Lorelai faz com que, por vezes, sofra de indecisão e falta de confiança. Mas o peso da coroa está agora sobre os seus ombros, e ela tem de suportá-lo.

Uma civilização religiosa e marcial, os Ehrengard sobrevivem através do compromisso moral e da preparação militar dentro de uma sociedade hierárquica e estruturada: os deuses vivem acima, enquanto os “High Lords” olham para o seu povo de torres altas. Os “Starborns” obedecem às leis do Acordo Cósmico e a um código rigoroso de cavalheirismo e virtude.

Já os “Firstborn” também conhecidos como A Velha Raça, são liderados por Akard, um chamado Monodika: um humano primogénito com uma ligação particularmente forte com o “Hymn” e, portanto, com a capacidade de exercer poderes incríveis.

Os “Firstborn” foram a primeira raça de humanos a habitar o mundo, nasceram sem olhos e viveram nas trevas que antecederam o “Advento da Luz” que deu origem aos “Starborns”. Embora não tenham olhos, a sua profunda ligação ao “Hymn” compensa este défice, concedendo-lhes o poder de sentir e manipular o mundo que os rodeia.

Isto é só um pequeno vislumbre de uma história fascinante que se baseia na ideia da luz contra a escuridão. Tudo acompanhado com muitos textos, narração e algum “voice acting” que contribuem ainda mais para a imersão.

O Grafismo e arte

Songs Of Silence não é, do ponto de vista da potência gráfica, um daqueles videojogos com requisitos altíssimos e que exige um computador moderno para correr. Nada disso.

Ele tem alguma exigência de requisitos, mas esses são facilmente atingíveis por qualquer computador de gaming moderno e um grande número de máquinas mais antigas também.

De qualquer maneira, potência gráfica não é sempre sinónimo de qualidade visual, porque mais importante do que isso é a mestria do trabalho artístico, um departamento no qual os RPG’s não costumam desiludir.

Songs Of Silence é ,felizmente, um dos que não desilude. Ele traz consigo um belíssimo trabalho artístico com toda a arte a ser desenhada à mão.

Desde o primeiro momento a identidade visual de Songs Of Silence destaca-se muito por força da beleza das suas ilustrações.

A qualidade dos modelos 3D dos exércitos e dos heróis é aceitável, mas não se encontra ao nível das ilustrações. Já os efeitos visuais são bons e isso resulta em alguns confrontos a tornarem-se pequenos espetáculos “pirotécnicos” divertidos.

A conjugação dos elementos visuais é boa e potenciada pelas ilustrações, mas ainda mais importante é o facto de o jogo ter uma identidade que o ajuda a distinguir-se um pouco da concorrência.

Não é, digamos, o videojogo deste género que mais nos impressionou no departamento visual, mas tem qualidade.

A jogabilidade

Songs Of Silence é o que se costuma chamar de um 4X clássico. Nós temos de movimentar, gerir e fazer crescer o nosso exército através de um mapa enquanto também controlamos, fortalezas vilas e outros locais.

O combate processa-se com uma jogabilidade que mistura “auto-battler” com uma mecânica de jogo de cartas.

Ou seja, o combate tem início automaticamente e com as cartas podemos usar habilidades especiais diretamente no campo de batalha. Essas cartas de ataque fazem um pouco de tudo, desde ataques divinos poderosos até a chamada de forças extra para o terreno.

É uma abordagem simplista mas que curiosamente nunca perde a sua vertente estratégica. Antes de iniciarmos um combate é boa ideia analisarmos as forças inimigas de forma a montarmos o nosso exército com o tipo de unidades que tem vantagem sob as unidades inimigas.

Se de um lado existirem monstros, então talvez seja uma boa ideia colocar no nosso exército unidades que são especializadas no seu combate.

Como é que se adquire este conhecimento? Com derrotas, com várias derrotas. Nós diríamos que a primeira metade da campanha é uma aprendizagem que tem os seus momentos dolorosos, frustrantes até um pouco aborrecidos.

Demos por nós a repetir algumas vezes movimentações e até a recuar para reagrupar. É que as forças inimigas movimentam-se rápido e isso acaba, demasiadas vezes, com batalhas forçadas em momentos nos quais o nosso exército ainda recupera de danos ou da perda de unidades valiosas da batalha anterior.

Precisamos de recursos para conseguirmos adquirir unidades para reforçarem os nossos exércitos, a melhor forma de conseguirmos isso é através da conquista de localizações. Porém a realidade é que também podemos ficar expostos a ataques inimigos e acabarmos ali num “loop” aborrecido de batalhas; perda de unidades; aquisição de unidades; mais batalhas, sem que exista grande avanço.

Para quem ainda é novo no género nós recomendamos a opção pelo modo de dificuldade reduzida que é mais focado na história. Oferece menos desafio do que a dificuldade normal, mas em contrapartida é muito menos frustrante quando se está a aprender.

As cartas vão sendo desbloqueadas à medida que subimos de nível e parte do pensamento estratégico reside também no tipo de carta que adicionamos ao nosso baralho.

Elas podem servir para recrutar tropas, fazer upgrades a cidades e outras localizações ou, como já referimos, invocar intervenções divinas que nos ajudam diretamente nas batalhas.

A estratégia para o sucesso resume-se muito à forma como organizamos o nosso exército e o tipo de unidades que fazem parte dele. A impreparação é quase sempre punida com a derrota, a não ser que tenhamos aquela carta especial no baralho que é capaz de mudar o rumo até das batalhas que parecem condenadas.

Contudo, mesmo quando estamos devidamente preparados, a movimentação em territórios mais perigosos pode ser delicada e, sobretudo as emboscadas podem infligir-nos derrotas inesperadas. Não vamos mentir, há um pouco de frustração quando isso acontece.

Apesar de tudo, é uma experiência de progressão mais rápida do que estamos habituados a ver dentro do género género. As batalhas não demoram muito tempo quer sejamos vencedores ou vencidos, e em caso de derrota podemos sempre recarregar o último “save”.

Honestamente, é uma jogabilidade divertida e desprovida daquela complexidade frequente neste tipo de jogos que por vezes afasta potenciais novos jogadores.

Dá um enorme gozo quando temos um exército super-preparado para um combate e vemos as nossas forças dizimarem os inimigos praticamente sem necessitarem da nossa intervenção com as cartas.

Mesmo assim não é propriamente uma experiência fácil. É verdade que é acessível, mas ainda é necessário alguma aprendizagem para quem não está habituado a jogos desta natureza.

Por outro lado, a falta de um maior controle direto sobre as nossas unidades no campo de batalha, talvez seja algo que não vá agradar muito os puristas do género.

Dito isto a jogabilidade é, na nossa opinião, um dos pontos mais fortes de toda a experiência.

Banda sonora e “voice acting”

A banda sonora é boa e isso não nos surpreendeu quando ficámos a saber que o trabalho vem das mãos de Hitoshi Sakimoto, o mesmo compositor que trabalhou em Final Fantasy Tactics, Final Fantasy 12, and Valkyria Chronicles.

O “voice acting” também está claramente acima da média, os heróis têm muita personalidade e adicionam aquela dose extra de imersão de que tantos jogos dentro do género por vezes abdicam.

Songs Of Silence dá-nos a sensação, ao longo de toda a experiência, que estamos inseridos num grande épico cinematográfico de fantasia e nós acreditamos que sem esta contribuição valiosa do departamento sonoro, isso não seria possível.

Multijogador

Para aqueles que vivem e respiram estratégia existe ainda um modo de multijogador que suporta até cinco jogadores e que pode ser jogado em PVP ou em cooperação com amigos.

Escusado será dizer que o multijogador adiciona bastante longevidade a toda a experiência e encaixa bem com o tipo de progressão mais rápida que este jogo proporciona.

Mas para aqueles que não se sentirem preparados para enfrentarem outros jogadores online, ainda há um modo “Skirmish” onde podem criar um jogo à sua medida e continuarem a desfrutar da experiência adicionando-lhe mais variedade.

Últimas palavras

Songs Of Silence é uma abordagem interessante ao género de estratégia 4X porque torna a experiência de jogo um pouco mais rápida e intensa do que nós estamos habituados a ver.

Apesar de ser relativamente simplista na sua abordagem, ele nunca perde o foco no pensamento estratégico que tem sempre um papel importante no nosso sucesso.

As campanhas são intrigantes e oferecem todo o tipo de desafios, mas há alguma frustração ao longo do caminho e momentos em que sentimos que talvez a dificuldade tenha sido excessiva.

É um jogo que, apesar de não trazer consigo nada de novo, tem muito a seu favor. Desde a qualidade da história; o excelente “voice acting”; passando por uma jogabilidade acessível; o excelente trabalho artístico ou a contribuição determinante do departamento sonoro, Songs Of Silence foi uma agradável surpresa.

Como se isso não bastasse a sua longevidade impulsionada também pelo modo de multijogador é garantia de horas infindáveis de entretenimento.

8.5 NOTA FINAL
5 de 5

com 1 votos de leitores

Apresentação 8
Grafismo 8
Jogabilidade 9
Banda Sonora 9
Positivos
  • arte
  • jogabilidade
  • história
Negativos
  • frustrante
  • dificuldade desajustada
Resumo

Songs Of Silence pode não ser revolucionário mas adiciona frescura ao género e pode ser ideal para os novatos.

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5 (1)

Última atualização: Novembro 13, 2024 às 10:33
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