Depois de uma jornada de sucesso no “acesso antecipado” Synergy foi lançado oficialmente com a promessa de mais e melhor.
Synergy é um jogo de construção e gestão de cidades no qual nós precisamos de compreender e respeitar o ecossistema para sermos bem sucedidos e garantirmos a sobrevivência da população.
Para conseguirmos isso teremos de analisar o meio ambiente e compreender como podemos tirar partido dele para melhorarmos a nossa colónia sem comprometer o bem estar da natureza local.
Tudo se resume a crescer de forma sustentada em harmonia com a natureza numa experiência relaxante mas que incorpora elementos de sobrevivência.
Mas agora que foi oficialmente lançado será que Synergy faz jus à sua avaliação muito positiva na Steam?
Continua a ler a análise para saberes a minha resposta…
A historia
Tu e a tua população viviam numa região que era considerada um oásis, porém os recursos esgotaram-se e foi necessária uma migração na procura de uma nova área.
O jogo começa precisamente com a descoberta dessa nova área. Com lagos por perto e alguma vegetação, ela parece ser a região ideal para estabelecer e fazer crescer um povo.
Tu vestes a pele do gestor/construtor e terás pela frente a tarefa exigente de garantir a satisfação do teu povo enquanto simultaneamente tentas não esgotar os recursos que o ecossistema oferece.
A história é minimalista tal como a apresentação. O jogo apressa-se a colocar-nos na aventura e durante a primeira fase de tutorial adiciona informação que oferece mais algum contexto.
E de facto o contexto é interessante. Percebemos que o povo que lideramos se preocupa com a natureza e tenta viver em harmonia com ela.
Tenho pena é que não tenhamos sido presenteados com uma “cutscene” introdutória trabalhada e que fosse capaz de refletir estes mesmos valores.
Acho que a equipa de desenvolvimento perdeu a oportunidade para um começo mais impactante e memorável sobretudo sendo esta uma temática que apela tanto à emoção.
Mesmo assim ao longo da experiência de jogo nós vamos conhecendo a natureza resiliente do nosso povo bem como a sua preocupação com a natureza.
A jogabilidade
Synergy é mais um daqueles jogos que se baseia em princípios de jogabilidade simples, mas que vai ficando mais elaborado à medida que os elementos de gestão vão sendo introduzidos.
Para novos jogadores há um tutorial relativamente extenso e que é uma excelente introdução a toda a filosofia deste jogo que se baseia na obtenção de equilíbrio.
E é de facto muito interessante. Por um lado Synergy é uma daquelas experiências de gestão de cidades tradicionais, em que estabelecemos um centro para a nossa cidade e vamos expandido e construído distritos e infraestruturas capazes de suportar essa expansão.
Pelo outro nós temos de fazê-lo considerando a natureza, usando recursos mas sem os esgotarmos e tentando a obtenção de uma, lá está, sinergia perfeita entre o homem e a natureza local.
O interface é simples mesmo quando gerimos elementos de maior complexidade, não houve nenhum momento que me fizesse sentir sobrecarregado de informação ou com dificuldade para gerir problemas.
É claro que também ajuda o facto de Synergy não ser um jogo excessivamente complicado. Muito pelo contrário, eu até acho que é um daqueles jogos à medida de quem pretende explorar o género pela primeira vez.
O tutorial é excelente para a introdução das bases do jogo e daí para a frente até novatos não terão grandes problemas para desfrutarem da experiência.
Para além disso existem dois modos de jogo que podes escolher: o primeiro é o “Harmony” que é mais dedicado à construção e estabelecimento da tua cidade e com menos desafios, e o “balanced” que apresenta mais desafios que no entanto podem ser ultrapassados com boa gestão.
Cabe-te a ti decidir o modo que se adapta ao teu estilo de jogo. O primeiro é obviamente o mais fácil dos dois e aquele no qual te poderás focar mais na construção da cidade.
Em Synergy no entanto, para além da gestão dos níveis de satisfação da população com a construção de infraestruturas e distritos, é necessário analisar o ecossistema.
A análise ao ecossistema é importante porque só assim conseguimos tirar partido de todos os recursos que temos à nossa disposição sem danificarmos gravemente o meio ambiente.
O objetivo é de garantir que o meio ambiente é capaz de sustentar a nossa expansão e manter-se saudável. Uma tarefa que pode ser desafiante sobretudo porque o aumento da população exige sempre o consumo de mais recursos.
Para além disso também fazemos expedições neste jogo que consistem na exploração de locais que podem ter recursos ou outros itens valiosos que nos ajudam a progredir e a desbloquear “upgrades”.
A primeira fase de expansão e construção é francamente divertida e marcada pela construção das estruturas habituais que garantem habitação, alimentação, hidratação e muito mais.
Há também um elemento de estética em que podemos e devemos colocar estruturas que visam o embelezamento da nossa cidade, algo que também eleva os níveis de satisfação da população.
Não existe no entanto um elemento de desafio muito acentuado, ou seja, não estejas à espera de encontrares algo ao nível de um Frostpunk nem nada que se pareça.
Synergy também não aprofunda muito a micro-gestão, mas acaba por compensar isso com a componente de exploração e a gestão do ecossistema.
Isso significa que os veteranos deste género de jogos não vão encontrar aqui uma experiência tão detalhada e aprofundada como os grandes jogos do género, mas sim algo muito mais “light”.
Se por um lado algo “light” é mais acessível para jogadores inexperientes, já no que diz respeito a veteranos a conversa é outra.
A realidade, no que a jogabilidade diz respeito, não há nada em Synergy que um jogador com experiência no género já não tenha visto antes.
Apesar da exploração ser interessante ela não é o suficiente para que, neste departamento, Synergy esteja esteja ao nível das grandes referências dentro do género.
O grafismo e a arte
No departamento visual Synergy é acima de tudo um trabalho artístico de enormíssima qualidade e isso garante-lhe uma identidade única na indústria.
Os artistas inspiraram-se nas obras do icónico Jean Giraud (a.k.a. Moebius) na criação do mundo alienígena de Synergy e o resultado final é uma obra de arte em movimento.
Synergy é um regalo para os olhos mesmo dentro de um género com títulos que são sublimes nesse departamento. Mais um testemunho de que a potência gráfica não é um requisito para um jogo ser visualmente excecional.
O mundo de Synergy é vibrante e possui aquela estranheza caraterística das obras de Jean Giraud. Acredito que ele ficaria satisfeito com a homenagem se ainda estivesse entre nós.
Houve muitos momentos em que me limitei a observar as minhas construções, algo que se torna especialmente memorável quando uma cidade atinge grandes proporções.
A banda sonora e os efeitos sonoros
A banda sonora é excelente e encontra-se ao nível de um qualquer grande clássico de ficção científica sobre mundos alienígenas.
As músicas refletem a harmonia e relaxamento, bem como a ligação íntima com a natureza que o jogo pretende transmitir.
Lá está, é uma banda sonora dominada pela tranquilidade. No meu caso pessoal eu considero-a fantástica, mas reconheço que, para quem procura por experiências mais intensas, poderá ser algo aborrecida.
Os efeitos sonoros são sólidos, quer seja a interagirmos com os menus, os sons da construção de estruturas ou os barulhos de uma sociedade em movimento, tudo se enquadra muito bem com a experiência de jogo.
A longevidade
Synergy é um jogo de construção e gestão de cidades e logo aí dá para perceber que é uma experiência de longa duração.
Para além disso a equipa de desenvolvimento aproveitou bem o período de “acesso antecipado” para evoluir e oferecer uma versão final bastante robusta.
Tudo isto culmina num produto que é capaz de oferecer dezenas e dezenas de horas de entretenimento. Conteúdo mais do que suficiente para justificar o seu preço.
A últimas palavras
Synergy é sem dúvida alguma um jogo especial e consigo agora perceber porque razão tantas pessoas já o elogiavam quando ele ainda nem tinha sido lançado.
Visualmente deslumbrante, este jogo destaca-se também por uma abordagem baseada em princípios de simplicidade e acessibilidade.
A experiência é relaxante mas também divertida, explorar o mundo é recompensador e construir e expandir uma cidade tentando sempre salvaguardar o ecossistema é um bom desafio.
Ao final do dia ele pode não ser o jogo perfeito, mas é uma excelente escolha para quem anda à procura de uma nova e relaxante experiência dentro do género de estratégia e gestão de cidades.
Outras fontes para o vídeo: Rumble
Última atualização: Abril 17, 2025 às 14:52