Uncle Chop’s Rocket Shop é muito provavelmente um dos jogos mais originais deste ano, mas será que isso chega para conquistar os jogadores?
Uncle Chop’s Rocket Shop é um simulador de reparação de naves espaciais “roguelite”, um conceito no mínimo peculiar que mistura exigência e rapidez de execução, com bastante sentido de humor.
Não é seguramente o tipo de “roguelite” que nós estamos habituados, mas apesar disso é um conceito interessantíssimo e que, pelo menos na teoria, parece ter potencial para criar muitos momentos de diversão.
Desde o primeiro momento em que ele foi anunciado nós ficámos interessados no Uncle Chop’s Rocket Shop e reconhecemos que a promessa de uma boa experiência de jogo estava lá.
Mas promessa só tem significado quando é cumprida e será que este jogo é capaz de fazê-lo?
Lê a nossa análise e descobre…
A história
Em Uncle Chop’s Rocket Shop nós vestimos a pele de Wilbur, um mecânico com uma cabeça de raposa, que é essencialmente o novo proprietário de uma oficina depois da morte do anterior proprietário.
No entanto uma das condições para podermos trabalhar na nossa nova oficina é a de pagarmos uma renda a uma entidade pouco amigável e que não admite falhas nos pagamentos.
A aventura começa com um tutorial no qual Droose, uma caricata personagem que trabalha no café integrado na oficina, nos oferece algumas luzes sobre o que é esperado de nós.
Com um estilo de humor inspirado nas populares séries “Adventure Time” e “Rick & Morty”, Uncle Chop’s Rocket Shop faz-se valer de uma história um tanto ou quanto bizarra mas hilariante.
Os diálogos são muito bons, as personagens que vamos encontrando pelo caminho são cheias de personalidade e a história vai-se desenvolvendo a cada nova sessão.
Ao bom estilo de um “roguelite” a morte faz não só parte da experiência como é também um elemento importante da narrativa.
Não demora muito até percebermos que a oficina pela qual Wilbur é responsável não é uma oficina qualquer e que o próprio Wilbur é muito especial.
A história é fascinante e começa recheada de mistério, mas à medida que nos vamos familiarizando com o trabalho e acumulando sessões de jogo, ela começa a ser-nos desvendada e é tão ou mais estranha do que parece ser.
Nota-se que a equipa de desenvolvimento deu uma atenção especial à história, aos diálogos e às personagens que compõem o Universo peculiar deste jogo. E o resultado final é realmente muito bom.
O grafismo
Uncle Chop’s Rocket Shop é um jogo 2D que não é exigente e está ao alcance de qualquer PC de gaming que seja minimamente capaz, não esquecendo que ele também marca presença em consolas como a Nintendo Switch.
Mas neste caso pouco importa potência, aliás, tendo em conta a complexidade da jogabilidade faz todo o sentido que a equipa de desenvolvimento tenha escolhido o 2D, porque para além da maior simplicidade, também oferece muita liberdade artística.
E que belíssimo trabalho artístico é este jogo. O Universo visual de Uncle Chop’s Rocket Shop traduz bem a bizarria e o humor peculiar da história do jogo.
À semelhança das suas grandes fontes de inspiração (“Adventure Time” e “Rick & Morty”) as personagens são deliciosamente estranhas, começando pelo Wilbur que tem, imagine-se, a cabeça de uma raposa num corpo mais ou menos humano.
A qualidade da arte está ao nível dos grandes jogos 2D no mercado e as animações também. Sem exigir requisitos elevados, Uncle Chop’s Rocket Shop é visualmente um pequeno “regalo para os olhos”.
A jogabilidade
Um “roguelite” é uma experiência de jogo que se baseia muito na repetição. E se a jogabilidade é, salvo raras exceções, o elemento mais importante de qualquer experiência de jogo, ela tem ainda mais peso num “roguelite”.
E a jogabilidade de Uncle Chop’s Rocket Shop é qualquer coisa especial. Como já referimos, Wilbur é um mecânico que repara todo o tipo de veículos espaciais na sua nova oficina.
E nós, na pele do Wilbur, temos à nossa disposição todo o tipo de ferramentas e máquinas para nos auxiliarem na nossa tarefa.
O que torna Uncle Chop’s Rocket Shop diferente da maior parte dos videojogos, é o facto de se tratar de uma experiência que exige leitura de forma a aprendermos a lidar com todos os problemas que vamos encontrar.
À nossa disposição temos um manual de instruções que essencialmente cobre todas as áreas de reparação e manutenção de naves especiais.
Desde tarefas mais simples como “atestar o depósito” ou limpar a casa-de-banho, passando por algumas mais complexas como reparar o sistema de regulação atmosférica; culminando com tarefas mais perigosas como a desativação de minas e muito mais.
Isto quer dizer que, é necessário consultar o manual de instruções e aprender todos os truques de reparação para cada um dos componentes de uma nave espacial.
Para além disso o nosso tempo pode ser contado durante o nosso horário de trabalho, o que quer dizer que, para além de termos de aprender a reparar os componentes, temos de fazê-lo com rapidez.
O jogo tem uma curva de aprendizagem alta, mas isso não é um problema porque, tratando-se de um “roguelite” temos um número infinito de tentativas até nos tornarmos verdadeiros profissionais na arte da mecânica de naves espaciais.
Dito isto, não é aquela experiência simples em que podemos ignorar informação e partir para a aventura. Nada disso, o manual de instruções é mesmo para consultar, porque não há outra forma de aprender.
Mas não te assustes já, não se trata de uma leitura muito extensa. O manual tem algum texto, mas também muitas imagens que te explicam para que serve um componente, quais os indicadores que revelam que está danificado e o que deves fazer para o conseguir reparar.
Para além de existir um tutorial inicial que explica bem o que precisamos de fazer, há também disponível um modo em que podemos eliminar o limite de tempo diário que temos para as reparações.
Por exemplo, no modo normal, o dia tem a duração de 8 minutos e durante esse período podemos tentar fazer o máximo de reparações possível.
No outro modo, o dia não tem duração mas há um número definido de reparações que temos de fazer, ou seja, podemos reparar com mais calma e tempo mas em contrapartida os erros serão punidos mais severamente.
No PC a jogabilidade é simples, nós controlamos o Wilbur com o clássico “WASD” e as reparações são feitas, na sua grande maioria, com recurso ao rato.
Apesar de haver uma curva de aprendizagem alta e durante as primeiras horas ser necessário consultar o manual de instruções vezes sem conta, nós diríamos que é talvez dos processos de aprendizagem mais divertidos que nós já vimos no mundo dos videojogos.
Olhar para um componente pela primeira vez, consultar o manual, ir diagnosticando e desmontando peças, passo a passo, é uma experiência altamente imersiva.
Quando percebemos o problema e fazemos o nosso trabalho, sentimo-nos verdadeiramente recompensados. É uma sensação cada vez mais rara no mundo dos videojogos, mas este jogo acerta em cheio nela.
Uncle Chop’s Rocket Shop faz questão de disponibilizar informação, mas nunca dá demasiado a mão ao jogador. Pelo contrário ele quer que o jogador seja capaz de se desenrascar exatamente como acontece com um mecânico na vida real.
É um conceito de jogabilidade simples mas que, na nossa opinião, é uma garantia automática de longevidade.
Para além disso há a natureza imprevisível de toda a experiência porque nós podemos morrer em qualquer momento.
Seja por um cliente ficou insatisfeito ou porque nos aparece na oficina alguém com uma nave cheia de bombas para desarmar, o desastre está sempre à espreita.
Há contudo progressão com “upgrades” permanentes que vão tornando a vida um pouco mais fácil.
Na pele de Wilbur há sempre muito para fazer, pouco tempo e risco elevado. As reparações podem crescer em complexidade mas a jogabilidade permanece simples ao longo de toda a experiência.
Simples, divertida, desafiante e altamente recompensadora, assim é a jogabilidade de Uncle Chop’s Rocket Shop.
O som
No departamento do som os efeitos sonoros são bons, já a banda sonora, na nossa opinião, precisa de mais alguma variedade.
A música pode tornar-se repetitiva, às vezes até incómoda. Houve até alturas em que baixámos o volume da banda sonora.
Últimas palavras
Uncle Chop’s Rocket Shop é, para nós, um jogo muito especial. Apesar de não ser o primeiro jogo que nos obriga a “vasculhar” por informação para percebermos o que raio andamos ali a fazer, é um dos melhores a fazê-lo.
É um “roguelite” diferente dentro de um subgénero que às vezes se torna repetitivo e isso é uma excelente notícia.
Não negamos que provavelmente não é um jogo para todos e certamente não será apreciado por quem não tem paciência para ler manuais de instrução.
Mesmo assim, no nosso caso pessoal, tem sido dos jogos mais divertidos que jogámos este ano e vamos continuar a jogá-lo.
Outras fontes para o vídeo: Rumble
Última atualização: Dezembro 5, 2024 às 07:28