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Diablo IV: Temos de falar da componente online…

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Diablo IV é seguramente um dos jogos mais esperados do ano e a BETA que decorreu no fim-de-semana foi apreciada por jogadores de todo o mundo. As reações ao jogo têm sido positivas, porém a componente online tem sido alvo de críticas e tudo indica que não existem sequer planos para um modo “offline”.

Para poderes jogar Diablo IV precisas obrigatoriamente de teres uma conta na Battle.net e de ter uma ligação online persistente enquanto jogas. É muito simples, não te consegues ligar online então não conseguirás jogar.

Nada disto é propriamente uma novidade, o mesmo já acontece com o antecessor Diablo III e escusado será dizer, muitos jogadores não vêm com bons olhos esta limitação. O “problema” continua no Diablo IV e a Blizzard parece determinada em não ceder numa estratégia cujo principal objetivo parece ser o combate à pirataria.

É claro que a companhia apresentará mil e uma razões pelas quais a componente online no jogo é fundamental. Vai dizer-nos que a equipa de desenvolvimento pode trabalhar com maior eficiência e rapidez, vai dizer-nos que pode reunir informação para ir melhorando o jogo de acordo com as necessidades dos jogadores e a lista continua…

Num mundo cada vez mais online a realidade é que num primeiro olhar nem sequer parece ser um incómodo assim tão grande, mas devemos sempre questionar a rapidez com que aceitamos estas pequenas obrigações que limitam a nossa experiência de jogo. Somos obrigados a criar mais uma conta num serviço que fica com os nossos dados pessoais, somos obrigados a ligar a servidores para conseguirmos jogar um videojogo e acima de tudo, quando a companhia decidir que o jogo chegou ao seu fim simplesmente pode encerrar os servidores e já mais ninguém o conseguirá jogar.

Se por um lado esta é a realidade natural para jogos exclusivamente online, pelo outro existem videojogos, como os do “franchise” Diablo, para o qual não existe assim grande necessidade para a experiência exclusiva online. Ou, quanto mais não seja, poderia ser facultativa para quando pretendemos jogar com amigos ou fazer uso das componentes online do jogo. Já no que diz respeito à história, a mesma poderia ser desfrutada offline sem necessidade sequer de se instalar serviços adicionais.

Mas no combate incessante à pirataria as companhias acabam por tomar decisões que prejudicam jogadores e implementam sistemas de DRM tão limitadores que colocam em causa o futuro dos seus próprios videojogos. Retrogaming continua a ser muito popular, no entanto talvez daqui a 30 anos já ninguém consiga jogar o Diablo III nem este novo Diablo IV…

Mas aos poucos a Blizzard parece querer transformar o Diablo numa espécie de MMO. Não me interpretem mal, partilhar uma aventura com amigos é sempre divertido, mas numa experiência na qual a história se sustenta muito na ideia do “herói solitário contra as forças das trevas”, a imersão acaba inevitavelmente prejudicada.

É claro que a companhia sabe persuadir-nos e “bombardeia-nos” com funcionalidades só possíveis graças à componente online. Eles transmitem-nos a informação de que de facto temos MAIS jogo graças a isso, no entanto será que temos MAIS imersão, MAIS qualidade geral da experiência?

Tenho, e por cá temos todos, sérias dúvidas de que seja o caso. Diablo IV é um jogo cheio de potencial, uma continuação que parece ter tudo para superar o seu antecessor mas é também simultaneamente uma continuação de ideias que têm sido muito contestadas ao longo dos anos e acima de tudo têm prejudicado os jogadores.

Confirmadas estão também as habituais micro-transações e toda uma panóplia de itens que só poderão ser adquiridos com dinheiro real, o que é mais um ponto controverso e será com toda a certeza algo de muita discussão. A Blizzard por seu lado estará pronta para justificar todas estas decisões considerando-as fundamentais para a longevidade da experiência e continuo desenvolvimento do jogo.

Para já a minha recomendação é refrear os ânimos, não façam já a pré-compra do Diablo IV, pelo contrário esperem para verem o que acontece porque em última instância é esta precipitação que dá mais força às companhias para que continuem a tomar este tipo de decisões.

Última atualização: Março 27, 2023 às 12:25

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