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Scarlet Tower – Análise

Scarlet Tower

O Universo dos “roguelikes” de ação “bullet hell” está cada vez mais saturado, mas por vezes existem jogos como o Scarlet Tower que se distinguem da concorrência.

Scarlet Tower é um jogo estilo “survivors”, uma referência ao extremamente popular Vampire Survivors, que foi capaz de gerar bastante interesse mesmo quando ainda estava em “acesso antecipado”.

Naturalmente todos aqueles que jogaram até à exaustão o Vampire Survivors precisavam de alternativas, e Scarlet Tower posicionou-se como sendo uma delas.

A reação dos jogadores durante o “acesso antecipado” foi positiva e a equipa de desenvolvimento foi aproveitando o apoio para polir a experiência de jogo.

No passado dia 25 de março o jogo saiu do “acesso antecipado” e foi oficialmente lançado e hoje, cá estou eu, para partilhar a minha opinião sobre ele.

Apresentação e ausência de história

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Por norma os roguelikes de ação “bullet hell” não são conhecidos pelas suas histórias sumptuosas. Aliás muitos deles, como o Scarlet Tower, nem sequer possuem uma história.

Embora ela faça sempre falta a qualquer videojogo para oferecer contexto e tornar experiência um pouco mais envolvente, se há um género de jogo em que ela pode ser dispensável, é este.

Um roguelike de ação “bullet hell” costuma fazer-se valer da rapidez com que nos coloca a jogá-lo. É, digamos, uma experiência de natureza tão imediata que muitas vezes, quem o joga, nem sequer se interessa pela história.

Depois há a questão dos recursos. Scarlet Tower não é um jogo de grande orçamento, foi desenvolvido pela Pyxeralia, um pequeno estúdio brasileiro composto por uma equipa que não chega aos 10 elementos.

Apostar numa história elaborada poderia implicar uma maior canalização de recursos, que já são curtos, para um departamento que não é assim tão importante.

A jogabilidade

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Os fundamentos de jogabilidade de um roguelike de ação “bullet hell” são simples. Mas desenganem-se aqueles que julgam que aplicá-los de forma a que resultem numa experiência divertida e recompensadora é fácil.

O que há mais por aí são jogos estilo “survivors” incapazes de “preencher o vazio” naqueles que jogaram Vampire Survivors e procuram a sua próxima aventura.

Scarlet Tower felizmente é um jogo que faz muito bem aquilo a que se propôs a fazer. Ele é na sua essência um “survivors” que partilha muitas semelhanças com a sua fonte de inspiração óbvia.

Mas as similaridades não devem ser encaradas como negativas, pelo contrário, para todos aqueles que ficaram “agarrados” ao Vampire Survivors é bom saber que podem encontrar em Scarlet Tower uma continuação do mesmo estilo de jogabilidade que tanto adoraram.

Tal como em “Vampire Survivors”, hordas de inimigos procuram desesperadamente a nossa morte e, tal como em Vampire Survivors , é muito divertido escapar dos ataques mais poderosos dos inimigos enquanto a nossa personagem vai, ela própria, desferindo golpes mortais.

São princípios de jogabilidade simples, quase como se um videojogo tivesse regressado atrás no tempo para uma altura em que, por questões técnicas, a nossa participação numa experiência de jogo era mais limitada.

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Mas o sucesso tremendo do género “survivors” deve-se precisamente a essa simplicidade e a uma certa leveza da experiência de jogo.

Não é um género de jogo que nos obriga a pensar, não é uma experiência de jogo que exige a nossa atenção total e, mesmo na derrota, oferece progressão.

Scarlet Tower é tudo isto. Ele não tenta revolucionar o género, a sua jogabilidade é muito semelhante ao que já vimos noutros “survivors” bem sucedidos.

Ele é parecido suficientemente com o “Vampire Survivors” para ser familiar para os grandes fãs do popular jogo e diferente o suficiente, em alguns aspetos, para ter direito ao seu próprio espaço dentro do género.

A movimentação em Scarlet Tower não tem muito que saber. Ela é auxiliada por um “dash” que é muito útil para escapar de situações mais apertadas e uma habilidade especial.

Para quem gosta de ter mais controlo sobre a jogabilidade, existe a opção de desligar automatismos, como o auto-ataque, a mira automática ou o a subida de nível automática.

De resto, a jogabilidade é muito semelhante ao que se vê em “Vampire Survivors” e essa é uma das razões pelas quais o Scarlet Tower é tido como uma excelente escolha para jogadores que procuram por um bom jogo dentro do género.

A progressão

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A progressão apesar de não ser difícil, não é muito rápida. Talvez isso aconteça porque Scarlet Tower simplesmente não possui o mesmo nível de conteúdo que um “Vampire Survivors”.

Ainda assim é uma progressão interessante que inclui traços raciais atribuídos a 4 raças que são herdados pelos heróis de acordo com a sua própria raça.

Cada traço racial tem disponíveis três bónus passivos, do qual só podemos escolher um, sendo que todos podem sofrer “upgrades” para ficarem mais poderosos.

No total temos à nossa disposição oito personagens, duas desbloqueadas de início e as restantes vamos desbloqueando com a progressão, e mais de 70 armas.

Para além de terem um ataque especial à disposição, cada personagem possui ainda 2 talentos passivos, do qual só podemos ativar um. Ambos são talentos que podem ser melhorados.

Finalmente e ainda nas personagens. Cada uma dela tem disponíveis três “glyphs” que lhes dão poderes adicionais, mas só podemos ter ativo um deles. Os “glyphs” podem ser melhorados com upgrades.

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Existem 30 talentos gerais no jogo, 15 ofensivos e 15 defensivos, dos quais apenas podemos escolher 5 de cada. Ou seja, no total podemos entrar em ação com 10 talentos gerais ativos e aos quais (cá estou eu a repetir-me) também podemos fazer upgrades.

Para além disso existe um sistema de “runas” que nos permite injetar poder adicional e um sistema de “pets”, convenientemente chamados de “familiars” no jogo devido à sua temática, que ajudam no campo de batalha.

Já agora, eu não mencionei que haviam “quests” e que podemos encontrar aliados? Pois é, tudo isso decorre em plena ação e ajuda a oferecer alguma variedade à jogabilidade.

No que a progressão diz respeito Scarlet Tower tem uma oferta diversificada e, no meio de tantos upgrades até pode não demorar muito até conseguirmos fazer tudo o que queremos, mas será certamente divertido.

O grafismo e a qualidade da arte

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Por esta altura já deu para perceber que Scarlet Tower é fortemente inspirado no Vampire Survivors mas se há um departamento no qual ele leva claramente vantagem, esse é o departamento visual.

Scarlet Tower é graficamente mais detalhado e em especial, o seu trabalho artístico, é muito superior ao de “Vampire Survivors”.

A arte pixel neste jogo é belíssima. As animações e os efeitos de luz são muito bons; as personagens e os inimigos são mais detalhados do que em Vampire Survivors bem como os “bosses”.

Mesmo quando o caos se instala no ecrã com um grande número de inimigos, é mais fácil distinguir a nossa personagem e compreender o que se passa, graças a esse trabalho mais detalhado.

Aliás, posso afirmar sem receio que, Scarlet Tower é um dos melhores, senão o melhor jogo estilo “survivors” no departamento artístico.

Isso automaticamente distingue este jogo da concorrência e, fazendo a transição do Vampire Survivors para o Scarlet Tower, eu senti um “upgrade” visual gigante.

Banda sonora e efeitos sonoros

A banda sonora é bastante boa e enquadra-se bem com a temática do jogo. Os efeitos sonoros também estão bem ajustados à experiência.

Em qualquer experiência de jogo é muito importante que o departamento sonoro não cometa erros que tenham efeitos negativos na experiência geral de jogo.

Isso é especialmente importante em roguelikes de ação “bullet hell”, que são experiências de natureza mais repetitiva do que o normal.

Mas Scarlet Tower consegue ter solidez também neste departamento e, eu pessoalmente, gostei bastante da banda sonora.

A longevidade

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Se no grafismo e na arte Scarlet Tower ganha, com grande vantagem, ao Vampire Survivors, na longevidade ele está em desvantagem.

Scarlet Tower é um jogo relativamente curto apesar da sua progressão mais lenta. Acredito que os jogadores mais “hardcore” vão atingir todos os seus objetivos perto da dezena de horas, provavelmente bem menos do que isso.

Mas para um jogador como eu, que aborda a aventura de uma forma mais casual, ele tem uma longevidade aceitável.

7.3 NOTA FINAL

Curto mas divertido

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Scarlet Tower é uma aventura divertida e, na minha opinião, uma excelente escolha para quem saiu de “Vampire Survivors” e anda à procura de um novo jogo no género. É bem mais curto do que a sua inspiração, mas compensa com visuais claramente superiores e uma progressão variada que adiciona valor à jogabilidade. Por menos de €4 eu acredito que ele vale cada cêntimo do seu preço.


Jogabilidade 8
Progressão 7
Arte e grafismo 8
Longevidade 6
POSITIVOS
  • arte pixel de qualidade
  • variedade na progressão
  • preço baixo
NEGATIVOS
  • longevidade
  • poucas personagens

Última atualização: Junho 3, 2024 às 12:54

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Helder Sousa

Adepto do ar livre e dos desportos radicais, nós nunca sabemos se no próximo fim-de-semana ele não irá longe demais, levando a equipa a ficar com um elemento a menos. Quer dizer, o exercício é uma coisa boa, mas quando isso envolve quedas de grandes alturas ou escaladas perigosas, talvez seja melhor ficar em casa a jogar videojogos.

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