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Senua’s Saga: Hellblade II – Análise

Hellblade II

Senua’s Saga: Hellblade II é a sequela de um dos jogos mais aclamados dos últimos anos e chegou com a missão difícil de superar o seu antecessor. Será que conseguiu?

Os videojogos são, em muitos aspetos, uma forma de expressão artística. Alguns deles contam histórias épicas que perduram ao longo de gerações e cuja memória é mantida pelas gerações que vêm a seguir.

Por vezes, nós jogadores, procuramos por boas histórias, por viagens memoráveis e inesquecíveis. O primeiro jogo da saga Hellblade foi capaz de proporcionar isso mesmo.

Senua’s Sacrifice foi uma experiência intensa, emotiva e cinematográfica com ação e puzzles pelo meio. Durante o jogo nós fomos conhecendo Senua, uma mulher profundamente perturbada e disposta a ir aos confins do inferno.

No final do primeiro jogo fomos informados que a história não acabava por ali e eis que chegámos ao muito aguardado Senua’s Saga: Hellblade II.

A história

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O jogo começa com Senua capturada no interior de um barco de traficantes de escravos nórdicos. O seu objetivo é chegar à Islândia e libertar o seu povo escravizado.

No entanto, uma tempestade violenta resulta na destruição da frota e na morte da grande maioria dos escravos.

Senua no entanto sobrevive e volta a ser “assombrada” pelas suas vozes. Algumas vezes guiada, outras vezes nem por isso, Senua procura desesperadamente por sobreviventes.

Durante a sua busca pelos seus companheiros, ela acaba por defrontar e derrotar o senhor dos escravos, Thórgestr, e faz dele um prisioneiro porque é a única forma de chegar onde ela pretende.

A história de Hellblade II possui a qualidade a que estávamos habituados no primeiro jogo, no entanto nesta sequela ela é ainda mais o foco de toda a experiência.

Hellblade II aposta ainda mais na experiência cinematográfica e na imersão. Eu dei por mim várias vezes tão entretido a ver a história, que só me apercebia que era altura de jogar porque a Senua ficava parada durante demasiado tempo.

Não existem muitos jogos capazes de oferecer este nível de imersão mas Hellblade II não é um jogo qualquer. A qualidade do diálogo, toda a atmosfera em torno do jogo e as personagens que vamos encontrado pelo caminho são fascinantes.

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Tal como no primeiro jogo, estamos a falar de uma narrativa ao nível de um grande filme de Hollywood. Aliás, não me espantava nada se um dia fosse anunciado um filme ou uma série inspirada nestes videojogos.

Senua continua tão cativante como sempre. É através da sua experiência que vamos conhecendo uma Islândia desolada que vive com receio dos temíveis gigantes.

E, como não poderia deixar de ser, a morte parece acompanhá-la para onde quer que ela vá. Mesmo assim, Senua, no meio de toda a sua instabilidade mental, consegue encontrar sempre o caminho certo e conserva as qualidades que fizeram com que os jogadores se apaixonassem pela personagem no primeiro jogo.

Em Hellblade II ela continua uma guerreira, uma mulher com uma tenacidade sem igual e que, mesmo nos momentos de maior desespero, encontra forças para se levantar.

Ela está longe de ser invulnerável, pelo contrário, para nós que ouvimos os seus pensamentos, toda ela é vulnerabilidade.

Mas isso faz parte do seu encanto, a forma como ela consegue não só lutar contra os seus inimigos na vida real, como contra aqueles que estão na sua cabeça.

Senua é e sempre foi profundamente humana e real. Ela não nos é “vendida” como uma super-mulher mas simplesmente como uma mulher que faz o que pode para lutar contra a adversidade.

Optei por não revelar muitos detalhes da história nesta análise e recomendaria, a quem está interessado em comprar o jogo, a não ver vídeos de jogabilidade que a revelam.

Hellblade II deve ser uma experiência de jogo realizada sem “spoilers” pois só assim é possível perceber o brilhantismo da narrativa.

A jogabilidade cinematográfica

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A jogabilidade de Hellblade II é, sem surpresas, muito semelhante à do primeiro jogo. Nós controlamos Senua sem qualquer tipo de distração no ecrã, somos só nós e o jogo.

Mas uma das grandes diferenças é o efeito “letterbox” utilizado neste segundo jogo. Para quem não sabe, estou a referir-me às suas barras pretas, uma superior e outra inferior, semelhante ao que por vezes vemos no cinema.

Foi uma escolha intencional por parte da equipa de desenvolvimento que utilizou uma relação de aspeto 2.39:1, o que significa que na vasta maioria dos monitores 16:9 o “letterboxing” (ou o aparecimento dessas duas barras) é inevitável.

Bem sei que para alguns jogadores isso foi um problema e até existem soluções que ajudam a resolvê-lo. No entanto, na minha opinião, foi uma excelente escolha porque só ajuda a realçar o elemento mais forte de toda a experiência: a narrativa.

Se um ecrã sem distrações, tal como já acontece no primeiro jogo, contribui para a imersão, porque não fazer do segundo jogo a experiência cinematográfica que ele pretende ser?

Controlar Senua é simples, durante a maior parte do tempo basta movê-la para a direção pré-definida e ir desfrutando da história.

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Sim, existem combates e alguns puzzles para resolver pelo meio, mas Hellblade II é muito mais sobre a viagem.

A jogabilidade tem várias mudanças, por um lado os combates são mais fluídos, pelo outro a movimentação é mais restrita. Isso resulta numa experiência menos desafiante do que o primeiro jogo, mas que também é menos frustrante.

A resolução de puzzles, desta vez, tem uma presença menos preponderante. Nota-se que a equipa de desenvolvimento tentou não cometer os mesmos erros do primeiro jogo e acima de tudo, tentou nunca comprometer a narrativa.

O primeiro jogo sofreu um pouco com quebras na imersão, ou devido a puzzles repetitivos ou ao combate por vezes atabalhoado que nos relembrava sempre que estávamos a jogar um videojogo.

No Hellblade II praticamente não existem quebras de imersão do principio ao fim, contudo isso também é conseguido devido ao nível baixo de dificuldade. Durante toda a experiência só perdi a vida uma vez e nem sequer foi em combate, mas a reposição foi tão imediata que não senti quebra de imersão mas sim continuidade.

Eu sei que, um jogo com um nível de dificuldade baixo, desafia um pouco o propósito da sua existência. A questão é que Hellblade II não é um mero videojogo, pelo contrário, ele encurta a fronteira entre videojogo e experiência cinematográfica interativa.

O seu foco é a história, o desenvolvimento da personalidade complexa de Senua e como esta nova aventura por terras islandesas pode ser transformativa.

Dito isto, teria sido bom ter visto alguma adversidade.

Visualmente portentoso

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Hellblade II é um trabalho absolutamente espantoso em Unreal Engine 5, é facilmente um dos jogos mais bonitos que eu já vi desenvolvidos neste motor gráfico.

Os cenários são belíssimos, todas as personagens estão impecavelmente bem desenhadas e o nível de atenção ao detalhe é extraordinário.

As expressões faciais são do mais realista que eu já vi e não são só as de Senua, mas também as de outras personagens que vamos encontrando pelo caminho.

Em retrospetiva não poderia ser de outra forma, afinal de contas trata-se de um “franchise” que aposta forte na narrativa e Hellblade II tinha de ser visualmente portentoso, porque se não o fosse, a experiência cinematográfica não teria o mesmo impacto.

O facto de ter sido desenvolvido num motor gráfico tão bom como o Unreal Engine 5 traduz-se, não só, em potência gráfica como numa “performance” excelente ao longo de toda a experiência.

Mas apesar disso, se estás a pensar em adquirir a versão do PC deste jogo, faz questão de verificares se o teu computador preenche os requisitos para o correr.

Ouve e desfruta

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Hellblade II é que se pode chamar de uma experiência audiovisual completa. Muito à semelhança do que acontece com o grafismo, a banda sonora e os efeitos sonoros são ao nível de uma produção de Hollywood.

O “voice acting” é de topo, a narração tem uma grande qualidade e quando chegamos ao fim do jogo podemos desfrutar da narração das outras personagens que fomos conhecendo ao longo aventura.

Existem momentos mais claustrofóbicos que estão soberbamente representados através do áudio. Um deles é logo numa das primeiras cenas do jogo e a partir daquele momento é difícil não ficarmos colados ao ecrã.

Mais do que um videojogo

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Senua’s Saga: Hellblade II é, na minha opinião, uma sequela brilhante. Ele apresenta melhorias em praticamente todas as áreas e apesar de não ser tão desafiante como o primeiro jogo, é muito mais competente na forma como nos vai contando a história sem quebrar a imersão.

Hellblade II estabelece o “franchise” como uma das mais impressionantes experiências cinematográficas no mundo dos videojogos.

Foi um prazer jogá-lo.

8.8 NOTA FINAL

Mais do que um videojogo

COMPRAR AGORA
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Senua’s Saga: Hellblade II é uma experiência cinematográfica de grande qualidade. À semelhança do seu antecessor, está longe de ser um jogo tradicional e aproxima-se mais de um filme interativo do que propriamente um videojogo. O brilhantismo da narrativa e a envolvência de toda a experiência é algo raro no mundo dos videojogos e, na minha opinião, isso faz dele uma compra obrigatória.


História 9
Jogabilidade 8
Grafismo 9
Banda Sonora e efeitos sonoros 9
POSITIVOS
  • história
  • grafismo
  • atmosfera
NEGATIVOS
  • pouco desafiante
  • longevidade
  • jogabilidade demasiado restrita

Última atualização: Junho 4, 2024 às 14:18

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Paulo Figueiredo

O Figueiras é um elemento fundamental da Gaming Portugal e a figura mais respeitada da equipa. A sua vida atarefada impede-o de acumular uma posição de maior destaque. A sua participação na Gaming Portugal é motivada principalmente pelo gosto por gaming e dá-lhe um prazer especial saber que nesta casa a “independência” é uma característica definidora.

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