Depois de uma longa jornada em “acesso antecipado” Core Keeper foi lançado oficialmente no final de Agosto mas será que é assim tão bom como parece?
Core Keeper é um daqueles jogos referenciados sempre que alguém procura por uma experiência “sandbox” para jogar com amigos.
No Universo dos videojogos existem muitos títulos de cooperação, mas não são assim tantos aqueles que “abrem a porta” até um máximo de 8 jogadores.
É natural por isso que este jogo seja sempre mencionado quando alguém procura por uma aventura para jogar com amigos.
Na sua base Core Keeper é um jogo bastante simples que se faz valer de ideias e conceitos que foram e continuam a ser repetidos vezes sem conta no mundo dos videojogos.
Minar, explorar e construir, não são de forma nenhuma atividades novas para a maior parte dos jogadores. Mas o que é certo é que estamos a falar de um género para o qual existe uma procura incessante por novas experiências e Core Keeper traz consigo isso mesmo.
A apresentação e a história
Sem grandes surpresas, Core Keeper não é um jogo que aposta muito na apresentação ou na história e em boa verdade, são dois aspetos que não são propriamente muito importantes neste tipo de experiência.
Embora exista um pequeno vislumbre de história no início, ela não é mais do que uma pequena introdução a oferecer um pouco de contexto e pouco mais do que isso.
Sabemos que vestimos a pele de exploradores que se encontram numa caverna esquecida e cheia de segredos e que a partir daquele momento compete-nos a nós fazermos a nossa própria história.
E qualquer jogo de sobrevivência é muito isto. Há contexto e depois os jogadores criam a sua própria história à medida que vão jogando, aliás este é mesmo um dos pontos fortes deste género de experiência.
Seja a solo ou em cooperação, é a nossa própria experiência que se encarrega de preencher a ausência de história convencional.
A história neste jogo é, por exemplo, quando escolhemos o local e começámos a construir a nossa base. Ou, quando por pouco não perdemos todos a vida quando nos aventuramos por onde não devíamos.
Ou seja, a força da história reside na nossa própria experiência de jogo e o seu potencial é naturalmente enorme quando também existe a possibilidade de podermos partilhar a aventura com amigos.
O grafismo
Visualmente Core Keeper é mais um daqueles jogos no género que optou por visuais 2D simples. Compreensível sobretudo se tivermos em conta que referências como o Terraria foram bem sucedidas neste formato.
Core Keeper no entanto optou pela perspetiva de cima para baixo, ou seja, ao contrário do Terraria não existem saltos. Apesar disso, e como seria de esperar, muitas mecânicas de jogo são familiares e por isso qualquer jogador com experiência no género vai sentir-se em casa.
Embora o 2D seja visualmente simples, a realidade é que do ponto de vista artístico o caminho para a criatividade está sempre aberto.
E Core Keeper é artisticamente um excelente trabalho. Todos os elementos estão bem desenhados, os seus biomas possuem uma identidade e tudo isso é complementado por um excelente trabalho de animação.
Se é verdade que inicialmente a qualidade visual não chama à atenção, à medida que fomos progredindo e sobretudo explorando novas áreas e defrontando “bosses”, ficou claro que o jogo é uma pequena pérola visual.
À semelhança de jogos como o Terraria, também Core Keeper consegue fazer excelente uso das potencialidades do 2D. Há momentos com personagens, objetos e efeitos visuais de grande qualidade e que chegam mesmo a impressionar.
Ou seja, Core Keeper não fica nada atrás das grandes referências do género que também escolheram o 2D. Pelo contrário ele encontra-se ao mesmo nível dos grandes jogos e não desilude em nenhum momento.
A jogabilidade
Simplicidade é, mais uma vez, a palavra de ordem no que diz respeito à jogabilidade. Embora este jogo incorpore elementos de construção; “crafting”; exploração e ação, tudo se processa de uma forma muito simples e intuitiva.
Para novatos talvez exista alguma aprendizagem inicial, já para os veteranos, Core Keeper será uma experiência muito familiar, talvez até demasiado familiar para aqueles que procuram por algo fresco dentro do género.
Se é verdade que não há revolução ou novas e refrescantes ideias aplicadas na jogabilidade, também é verdade que o jogo está precisamente na mesma linha das grandes referências dentro do género.
Reunir recursos, construir, gerir o inventário é extremamente simples. Lá está, pode ser aborrecido para quem não aprecia este tipo de jogo ou para quem dá os seus primeiros passos no género, mas é preciso dar tempo a este tipo de experiências, que de facto, vão ficando melhores com a progressão.
O combate começa de forma bastante modesta, mas à medida que vamos construindo novos equipamentos e armas eles tornam-se mais interessantes com um destaque natural para as batalhas com os “bosses” que são alguns dos melhores momentos de toda a aventura.
Mas apesar disso não se pode dizer que o combate é brilhante nem nada que se pareça. Aliás, ele é talvez um dos pontos mais fracos de todo o jogo. Já esperávamos que este fosse o caso porque o mesmo pode dizer-se da grande maioria dos jogos que se enquadram nesta categoria.
De resto há muito para fazer neste jogo, desde minar; construir; “crafting”; até agricultura, o mundo de Core Keeper é extenso e está cheios de segredos que precisam de ser desvendados.
É claro que é na experiência de cooperação que ele brilha com mais intensidade. Isto não significa que a experiência a solo é má, longe disso, ela é muito boa também. Mas é impossível compará-la ao divertimento que é possível obter a partilhá-la com amigos.
Por outro lado também nos parece que 8 jogadores talvez seja demais. Em circunstâncias normais nas quais os jogadores, por exemplo, se separem em grupos a coisa até funciona bem. Ou, por exemplo, em projetos de construção quantos mais contribuírem mais rápido a coisa se processa.
Mas quando demasiados se juntam nas mesma área, sobretudo quando há combate à mistura, a coisa pode ficar um pouco caótica demais para o nosso gosto.
A banda sonora
A banda sonora enquadra-se na perfeição com toda a experiência de jogo. Há aquela leveza natural característica do género, mas também músicas mais intensas que contribuem bastante para a imersão.
Uma banda sonora sólida é sempre importante em jogos desta natureza, porque geralmente as sessões de jogo são longas e qualquer má qualidade neste departamento teria um impacto negativo na experiência.
Felizmente isso não acontece, a banda sonora encontra-se ao nível de outros jogos já estabelecidos dentro do género e isso é uma excelente notícia.
A longevidade
Core Keeper tem uma longevidade aceitável que pode ser estendida aos três dígitos por quem pretender explorá-lo até à exaustão. Porém para a grande generalidade dos jogadores ela não deverá passar dos dois dígitos.
Partindo do princípio que um jogador pretende completar a história principal, bem como fazer a maior parte do conteúdo secundário e até defrontar a maioria dos “bosses”. Nós diríamos que é possível chegar às 60 horas ou até mais.
Já para os puristas da construção que preferem estabelecer uma base de grandes dimensões, os três dígitos são perfeitamente possíveis.
Embora ele seja mais pequeno do que um jogo como o Terraria, ainda estamos perante um jogo massivo e que nada tem a ver com aquelas experiências de ação que nem à dezena de horas chegam.
Quanto mais não seja a longevidade poderá ser afetada sobretudo pela cooperação. Quantos mais amigos jogarem contigo, mais rápida será a progressão e o fim pode chegar mais rápido do que pretendias.
O que é certo é que até chegares lá terás muitas fontes de divertimento e não temos dúvidas de que Core Keeper pertence ao grupo, cada vez mais restrito, de videojogos que fazem valer cada cêntimo do teu preço.
Última atualização: Outubro 16, 2024 às 16:16