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Valheim (acesso antecipado): Como um viking sobrevive ao purgatório

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Valheim é um jogo de exploração e sobrevivência cuja ação decorre num purgatório inspirado na cultura Viking. Ainda em “acesso antecipado” o jogo tem recebido inúmeras reacções positivas e eu decidi dar-lhe uma vista de olhos para perceber se de facto ele tem assim tanto potencial.

A minha jornada começou nas garras de um pássaro gigante. Aparentemente em Valheim quando nós falecemos na vida real, somos depois transportados por um pássaro gigante para o purgatório. Não é uma viagem agradável, pelo contrário aparenta ser terrivelmente dolorosa para quem está a ser carregado, mas “hey!” ninguém está à espera que uma viagem para o purgatório seja em “primeira classe” não é verdade?

Não há muita informação sobre o que me aconteceu mas tenho a certeza que das duas uma, ou sou um guerreiro fantástico que morreu em batalha, ou sou filho de pais poderosos e arranjei uma cunha brutal para ser o novo guardião do purgatório primordial.

Valheim é o nome do reino, é também o nome do jogo e muitas vezes é o grito que eu dou quando o Benfica perde mais um jogo para o campeonato. Sobreviver no purgatório é como tentar compreender o que o Jorge Jesus diz nas conferências de imprensa, É MUITOOOOOOOO difícil.

Mas vamos esquecer o futebol e avancemos para a minha épica aventura em “VALHEIMMMMMMMMM!!!!”.

Filho do purgatório!

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Como já tinha dito, a minha aventura começa comigo a ser transportado nas garras de um pássaro gigante no meio de chuva intensa. Quando ele finalmente me larga consigo ver pedras à minha volta e dou de caras com outro pássaro que se assemelha a um corvo e com o qual eu consigo comunicar porque, para quem não sabe, nos videojogos nós podemos falar com animais.

Já na vida real se alguém me encontrar no meio de uma floresta a conversar com um corvo muito provavelmente vão achar que eu acabei de escapar de um manicómio…

O pássaro é uma espécie de guia e dá algumas pequenas indicações sobre o mundo que nos rodeia e é neste momento que fico a saber que a minha vida não está nada fácil. Vá-se lá saber porquê mas embora eu seja o guardião do purgatório não há vantagens nenhumas na ocupação dessa posição o que me deixa chocado!

Para começar está um FRIO DO CACETE e eu estou vestido para umas férias nas Caraíbas. Se fosse um purgatório português eu teria acesso a uma casa com aquecimento central; 14 empregados; 3 carros; um campo de golfe e serviço de massagem disponível 24 horas por dia. Mas em Valheim roupa de verão e uma miserável tocha é tudo o que tenho comigo.

Diz-me o pássaro que eu vou ter de trabalhar se quiser sobreviver e para além disso, no meu papel de guardião do purgatório, vou ter de defrontar criaturas poderosas. Aparentemente o Deus Odin terá decidido que eu era a pessoa indicada para guardar o purgatório e matar os seus antigos rivais para devolver a ordem a Valheim.

Ou seja, eu sou uma espécie de “Sicario” do deus Odin que pelos vistos tem tanto que fazer que nem se dá ao trabalho de ele próprio aniquilar os seus inimigos. Pelo contrário um trabalho que poderia ser feito numa questão de segundos por um Deus todo poderoso vai agora demorar inúmeras horas porque será realizado por mim.

Mas adiante…

Valheim joga-se na perspectiva da terceira pessoa e para jogadores como eu que já têm alguma experiência em jogos de sobrevivência é fácil de se compreender. A jogabilidade é muito simples, aceder ao inventário ou construir estruturas não é um problema e a forma como se começa o jogo depende muito do estilo de cada um.

No meu caso o elemento que eu mais gosto nos jogos de sobrevivência é a construção e como tal a minha aventura começa sempre com a recolha de recursos para começar a construir o meu abrigo.

Nesta fase inicial do jogo a madeira e pedra são muito importantes, ambos servem para a construção das primeiras ferramentas básicas (machado, martelo, mais tochas etc…) e a madeira em particular é fundamental na construção da casa.

Enquanto estava a reunir recursos encontrei uma boa área para construir a casa. Assim que criei o machado o processo de recolha de madeira tornou-se mais rápido e construir uma pequena habitação de madeira foi uma tarefa relativamente fácil.

O vídeo que se segue oferece um vislumbre de um primeiro contacto com o jogo sem desvendar demasiado:

OH NÃO! A minha namorada também está no purgatório..

Creio que já estabeleci o facto de que a vida no purgatório não é nada fácil especialmente quando tenho tanta responsabilidade mas eis que Odin decidiu tornar tudo ainda mais difícil com a presença da minha namorada (hehehe é brincadeirinha).

A NOX (Inês Oliveira) juntou-se à aventura graças ao modo de cooperação que permite que um jogador essencialmente crie um servidor para partilhar a experiência com outros jogadores (o máximo são 10 jogadores).

Na história do jogo a minha justificação para a presença da minha namorada é:

“Perante a morte do seu extraordinário companheiro a NOX completamente desolada com a perda decidiu acabar com a sua própria vida sensibilizando o Deus Odin que emocionado com o gesto decidiu então reuni-la com o seu amado no purgatório”.

A história é trágica e bela mas dou por mim a pensar que embora pareça uma história de amor pode muito bem ser uma história de obsessão…

Quando ela chega apresso-me a dizer-lhe que neste reino sou o “Guardião do Purgatório Primordial” e ela entusiasmada questiona-me quais são as regalias. Eu mostro-lhe a tocha (atenção que isto não é um trocadilho maroto) e escusado será dizer que ela não ficou nada impressionada com o que viu (uau acabei de reler isto em voz alta e soa mal!).

Com muito trabalho pela frente eu começo a dar-lhe indicações sobre o que ambos precisamos de fazer para sobrevivermos neste ambiente inóspito e ao bom estilo da NOX ela não dá muita atenção à minha explicação e acaba por perceber tudo sozinha.

POR ODIN!!! Há muito para fazer neste jogo mesmo em acesso antecipado

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Uma das grandes qualidades de Valheim e acredito também que é a razão pela qual o jogo está a ser tão bem recebido pelos jogadores, prende-se com o facto de haver muito para fazer. Há construção; crafting; agricultura; pecuária; muitos inimigos; um mundo para explorar; e até barcos numa experiência que deverá continuar a ser expandida.

O jogo está cheio de conteúdo mas é a forma como esse conteúdo é disponibilizado para o jogador que o torna interessante. O mundo é gerado aleatoriamente e apesar de existir um contexto, Valheim é muito mais um daqueles títulos em que os jogadores constroem a sua própria história em oposição ao tipo de experiências em que se segue uma história.

Eu sei que até certa medida isso é espectável num jogo de sobrevivência, mas Valheim consegue fazê-lo tão bem que me recorda os primeiros tempos do afamado “DayZ” original quando este era um “mod” do Arma 2.

Sempre que se “parte em busca do desconhecido” o jogo reserva-nos pequenas surpresas, algumas são boas e ajudam-nos a progredir enquanto outras são terríveis e resultam na morte.

Eu já joguei vários jogos de sobrevivência e muito do que vejo em Valheim não me surpreende mas tenho de reconhecer que não esperava que uma equipa de desenvolvimento tão reduzida conseguisse compreender na perfeição o que faz de um jogo de sobrevivência uma grande experiência e a reposta é simples: “a possibilidade de os jogadores poderem criar a sua própria história”.

Eu não estou fechado com todos os monstros no purgatório, eles é que estão fechados aqui comigo…

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A minha história continua comigo sozinho porque, vá-se lá saber porquê, a minha namorada abandonou-me no purgatório. Já não a vejo há alguns dias e a sua ausência leva-me a presumir que das duas uma: ou ela poderá estar envolvida com um “troll” ou foi feita prisioneira por um dos temíveis monstros que habitam este purgatório.

Por breves momentos penso que não vale a pena estar a perder o meu tempo a procurá-la porque na eventualidade de uma morte ela vai acabar revivida por Odin. No entanto a imagem de uma NOX irritada comigo assusta-me mais do que qualquer monstro no purgatório e decido explorar o território à procura de pistas.

Avanço sem destino e deixo que Odin guie os meus passos. Dou por mim numa floresta negra e sou avisado pelo pássaro falante que só os guerreiros bem preparados devem aventurar-se por este local. Tenho um machado e uma tocha mas decido seguir em frente porque é o bem estar da minha parceira que está em causa.

Encontro um grupo de inimigos que me atacam, estou completamente rodeado e dou início a uma fuga. Depois de algum tempo eles continuam atrás de mim enquanto ao longe vejo um rio e numa tentativa desesperada vou para água na esperança de que não me sigam. Suspiro de alívio quando percebo que me safei de uma morte certa.

Volto para casa e agora com a minha confiança mutilada e chego à conclusão que não sou o guerreiro viking que julgava ser. A noite instala-se e depois de comer qualquer coisa decido ir dormir.

Não sei se alguma vez voltarei a ver a NOX, mas se ela não foi revivida por Odin então ela deve estar viva, e se isso for verdade nem que tenha de aniquilar todos os inimigos no purgatório, eu vou encontrá-la!

No dia seguinte encontrei um Troll e morri…

Valheim impressiona mesmo estando em acesso antecipado

Não é por acaso que este jogo é um dos sucessos mais recentes do mercado independente de videojogos. Honestamente eu tenho-me divertido à brava a jogar Valheim, gosto da simplicidade das mecânicas de jogo, gosto da sua escala e gosto de poder progredir ao meu ritmo, sem pressas e construindo a minha própria história.

No preciso momento em que escrevo esta linha de texto já tive mais aventuras e todas elas tão memoráveis como aquela descrita nesta opinião. Mas não acreditem cegamente na minha palavra, pelo contrário dêem vocês próprios uma oportunidade a este jogo e depois venham aqui dizer-me se ele é ou não é um dos jogos com mais potencial deste início de ano.

Última atualização: Fevereiro 17, 2021 às 13:40

Valheim consegue ser soberbo mesmo estando em acesso antecipado

Se tu és como eu e gostas de jogos de sobrevivência então Valheim tem tudo o que tu podes desejar. Tem um mundo enorme e imprevisível que é gerado aleatoriamente, há muito para fazer, construir e conquistar e a "cereja no topo do bolo" é o suporte de cooperação até 10 jogadores. Na minha opinião é um dos jogos mais prometedores deste início de 2021.

8.6
Recomendado (nota provisória):
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Ary Costa

Ele foi a força fundadora por detrás da Gaming Portugal e conseguiu reunir uma equipa competente e unida. É um elemento que trabalha nos bastidores mas também publica artigos no website.

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