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Alex Kidd in Miracle World DX: Opinião

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Alex Kidd foi, no final dos anos 80, uma importante mascote para a SEGA e embora o seu sucesso não tenha propriamente rivalizado com o Sonic, um jogo da série em particular destacou-se e chamava-se Alex Kidd in Miracle World. Hoje, 35 anos após o seu lançamento para a extinta Master System, Alex Kidd está de volta com um remake que não esquece o original e que se chama Alex Kidd in Miracle World DX.

Nós vivemos na era dos “remakes” ou das remasterizações. Os grandes clássicos do passado estão a regressar ao mundo dos videojogos e o lançamento deste jogo marca o regresso de uma das mascotes mais importantes da história da SEGA.

Alex Kidd in Miracle World DX é na sua base o mais simples jogo de plataformas 2D que se pode encontrar. Como qualquer outro título do seu género o jogador vai ter de ultrapassar níveis cheios de obstáculos, terá de fazer uso da habilidade de murro do Alex Kidd bem como saltar com precisão para evitar acidentes de percurso.

Mas será que o regresso deste clássico tem força suficiente para conquistar o seu espaço no mercado?

O mesmo jogo num formato moderno que não esquece o original

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Se nunca jogaste o título original não te preocupes porque vais poder fazê-lo com este jogo. Alex Kidd in Miracle World DX é simultaneamente a versão moderna do popular jogo de plataformas dos anos 80 e a versão que os “old school gamers” jogaram na velhinha Master System.

Alternar entre um e outro é tão simples como carregar num botão. A técnica em si não é nova mas pretende “agradar gregos e troianos” oferecendo o 2D clássico e rudimentar dos anos 80 e o 2D moderno com recurso à arte pixel.

A mudança entre as duas experiências é feita em tempo real com bastante rapidez e é, na nossa opinião, uma opção muito bem vinda e quase obrigatória em qualquer “remake” de um jogo de plataformas 2D.

Quem jogou o original vai com toda a certeza “regressar ao passado” com a versão clássica que oferece um olhar do começo da popularidade dos títulos 2D. Não é uma reprodução exacta da versão original, mas consegue captar a essência dos jogos durante aquele período.

O “remake” e a beleza da arte pixel

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Embora a versão clássica esteja disponível, Alex Kidd in Miracle World DX é todo ele sobre a experiência moderna. A equipa de desenvolvimento optou (e bem) por continuar a apostar no 2D e fez-se valer de artistas de arte pixel que realizaram um trabalho absolutamente fantástico neste departamento.

Este jogo é um regalo para os olhos dentro do seu género. É visualmente polido com pormenores muito interessantes e se por um lado ele segue o padrão do original no que diz respeito ao design dos níveis e à jogabilidade, pelo outro é um jogo completamente diferente no departamento gráfico.

Alex Kidd in Miracle World DX é um dos jogos 2D mais bonitos deste ano e a beleza está um pouco por todo o lado, quer seja nos níveis, nas personagens ou nas animações. Afinal de contas já passaram 35 anos e pelo caminho a indústria, apesar de nunca ter abandonado o 2D, evoluiu bastante.

A jogabilidade

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Os controles são muito simples, o Alex Kidd pode saltar, dar murros e tem à sua disposição alguns itens especiais que podem trazer consigo por exemplo uma melhoria da habilidade do murro ou mecanismos e veículos que o auxiliam na sua aventura.

Na maior parte do tempo vais saltar, esmurrar e muitas vezes nadar até ao teu destino. O “remake” optou por não complicar demasiado a experiência e apesar de introduzir novos níveis; lutas de boss alternativas; novos modos de jogo e uma jogabilidade com algumas melhorias, ele continua muito igual a si próprio.

A história, embora “povoada” com personagens muito bem desenhadas, não é propriamente importante porque esta experiência é muito mais sobre a viagem do que outra coisa qualquer.

Dito isto é importante referir que este não é um jogo de plataformas ultra-preciso, o “remake” traz consigo muitos dos desafios do original e é necessária habituação aos controles porque depois de um salto nem sempre vamos parar onde queremos.

No que diz respeito à dificuldade e usando como referência os padrões da actualidade, Alex Kidd in Miracle World DX não é uma experiência fácil muito por força da jogabilidade que por vezes é desafiante. Nas primeiras sessões de jogo a morte é frequente até porque o mínimo toque no protagonista é sinónimo de falhanço.

E sim, isto significa que os inimigos devem ser esmurrados e não podem ser tocados de mais nenhuma maneira. Um toque é o quanto basta para perderes uma vida e esquece o célebre “saltar em cima dos inimigos” porque neste jogo isso é uma receita para a derrota.

Para os jogadores menos pacientes há no entanto uma boa notícia: é possível activar a opção de vidas infinitas que tornam as derrotas um pouco menos frustrantes.

Jogar, repetir, desfrutar

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Nós acreditamos que este jogo deve ser desfrutado na dificuldade normal até porque dá um gosto especial aprender todos os seus truques e mecânicas. Depois disso a aventura torna-se bem mais acessível, mas fica o aviso, só acontece após uma dose de sofrimento.

Por exemplo, existe um jogo de “pedra, papel, tesoura” que por vezes nós temos de jogar contra adversários, porém quando perdermos esse jogo também perdemos uma vida. Isto significa que após algum sofrimento quando chegamos a essa parte, se formos azarados e perdermos o jogo sem termos vidas extra, somos obrigados a fazer tudo de novo.

Embora Alex Kidd in Miracle World DX não “viva” da dificuldade como aqueles títulos super-difíceis (Super Meat Boy e companhia), a verdade é que há frustração na experiência e isso poderá deixar alguns jogadores à beira de um ataque de nervos.

Já no que diz respeito à nossa opinião pessoal a experiência é decente e funciona como um vislumbre do que era jogar um título de plataformas há mais de três décadas atrás. O problema é que ao ser fiel ao original, Alex Kidd in Miracle World DX é, digamos, um pouco datado demais para os nossos dias.

O design dos níveis é antiquado e como já referimos o controle do Alex Kidd é algo atabalhoado e requer alguma habituação. Tudo isto resulta em mortes inesperadas, mortes frustrantes e falhanços que não têm origem na nossa falta de “skills” mas sim em problemas do próprio jogo.

É claro que até certo ponto um “remake” vai tentar reproduzir a experiência original, contudo existem muitas melhorias que poderiam ser introduzidas neste título e que poderiam ajudá-lo não só a homenagear a experiência original como também a catapultar esta nova experiência para o top dos jogos de plataformas 2D.

Interessante mas pouco memorável…

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Esta opinião foi particularmente interessante aqui na Gaming Portugal. Fizemos questão de criarmos uma equipa de análise composta por um jogador “old school” e um “new school” com o objectivo de obtermos duas perspectivas bem diferentes.

No final ambos conseguimos compreender que para a grande maioria dos jogadores um título que, com excepção do visual e banda sonora, é essencialmente uma experiência de plataformas 2D dos anos 80, talvez não seja o jogo mais apelativo.

Estamos a falar de um género que é extremamente popular e no qual existe muita escolha e colocando de parte o facto deste jogo ser o “remake” de um título icónico, ele não tem nada que seja melhor do que nós já vimos e continuamos a ver praticamente todos os dias no mercado.

É preciso muito mais para um jogo de plataformas 2D conquistar o seu espaço e apesar de estarmos felizes com o regresso do Alex Kidd e de ambos nos termos divertido muito a jogá-lo, sabemos que ele poderia ter sido muito melhor.

Última atualização: Fevereiro 3, 2022 às 15:12

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Paulo Figueiredo

O Figueiras é um elemento fundamental da Gaming Portugal e a figura mais respeitada da equipa. A sua vida atarefada impede-o de acumular uma posição de maior destaque. A sua participação na Gaming Portugal é motivada principalmente pelo gosto por gaming e dá-lhe um prazer especial saber que nesta casa a “independência” é uma característica definidora.

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Helder Sousa

Adepto do ar livre e dos desportos radicais, nós nunca sabemos se no próximo fim-de-semana ele não irá longe demais, levando a equipa a ficar com um elemento a menos. Quer dizer, o exercício é uma coisa boa, mas quando isso envolve quedas de grandes alturas ou escaladas perigosas, talvez seja melhor ficar em casa a jogar videojogos.

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