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Indie Pick: COCOON só podia ser genial

COCOON é mais um daqueles jogos especiais que navega a fronteira entre videojogo e uma experiência artística. Dirigido por Jeppe Carlsen, que desenhou “Limbo” e “Inside”, e com um dos conceitos mais originais que nós já vimos em videojogos de puzzles, este jogo só podia ser genial.

Hoje trazemos connosco o genial COCOON, um jogo cuja qualidade é globalmente reconhecida e que foi um dos melhores jogos independentes do ano passado. COCOON é um “indie pick” de peso e mais uma demonstração que o mercado independente de videojogos está cada vez mais forte.

O jogo descreve-se a si próprio como “mundos dentro de mundos” e é uma aventura de resolução de puzzles com uma mecânica de jogo peculiar que permite que a nossa personagem salte entre mundos e utilize essa habilidade para resolver todo o tipo de puzzles.

Polvilhado de originalidade COCOON é um jogo tridimensional suportado por um trabalho gráfico e artístico de grande qualidade. É um jogo com fundamentos muito simples, sem diálogos e que aposta forte na imersão.

Quem conhece o trabalho de Jeppe Carlsen sabe que os seus jogos são todos eles “imersão”. Ou seja, há uma grande preocupação em criar um ambiente envolto em mistério e um esforço consciente para nunca o quebrar. A inexistência de diálogos ou de qualquer tipo de texto em COCOON torna-o interessante desde o primeiro momento e cabe ao jogador ir percebendo o mundo invulgar no qual está inserido.

Joga sem distrações

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Se há jogo que merece ser jogado sem distrações ele é sem dúvida COCOON. Por isso mesmo nós recomendamos que ele seja jogado com um “headset” e com muito pouco barulho à volta. É que estamos perante uma experiência que é uma “viagem” ao nível de um Journey.

COCOON é um misto de expressão artística e filosófica sob a forma de um videojogo. Faz-nos pensar na maior parte do tempo na resolução de puzzles, mas também nos leva a questionar várias vezes a razão pela qual estamos a ter todo aquele trabalho.

Que mundo, ou mundos, são estes?

No jogo nós vestimos a pele de um besouro que não é, digamos, o tipo de besouro que nós estamos habituados a ver na vida real. Este tem claramente uma inteligência acima da média, consegue interagir com o ambiente que o rodeia e possui uma habilidade espetacular que lhe permite saltar entre mundos.

É através das suas interações com os mundos pelos quais ele pode viajar, que nós vamos conhecendo o Universo singular do qual ele faz parte. Às vezes, ou melhor, na maior parte das vezes, vamos tentar procurar algum sentido para o que está a acontecer, mas só o final oferece respostas e elas poderão ser, ou não, aquelas de que estamos à espera.

A história vai-nos sendo apresentada com revelações mínimas às quais nós depois tentamos colocar algum contexto. É a arte de contar uma história quase sem a revelar e deixar que os jogadores usem o a sua imaginação para preencherem os vazios.

São muito poucos os videojogos que conseguem proporcionar este nível de imersão e capazes de despertar genuinamente a curiosidade de um jogador, mas COCOON fá-lo com muita mestria.

Saltar entre mundos

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A jogabilidade de COCOON limita-se exclusivamente à movimentação e ao botão para interagir com objetos e elementos. E o jogo não perde muito tempo até nos mostrar a mecânica de jogabilidade que define toda a experiência: a habilidade de saltar entre mundos.

O que acontece é que o besouro possui a habilidade de transportar consigo esferas que encerram autênticos mundos no seu interior. Por exemplo, imagina que estavas no Universo e podias pegar num planeta, levá-lo para um local especial e depois proceder a entrar nesse mesmo planeta.

É mais ou menos isso que acontece em COCOON. O besouro pode transportar uma esfera e, em zonas específicas, entrar no interior dessa mesma esfera. Para além de poder entrar na esfera, ele pode levar consigo o que tiver nas mãos e, muitas vezes, ele tem outra esfera nas mãos.

Isso traduzido significa que ele pode colocar mundos dentro uns dos outros e é assim que se resolvem a maior parte dos puzzles neste jogo. Compreender esta mecânica de jogo quando estamos a jogar é infinitamente mais simples do que descrevê-la num artigo.

O que é certo é que, graças a esta habilidade, COCOON tem algumas das resoluções de puzzles mais criativas que nós já vimos no mundo dos videojogos. Inicialmente os puzzles são simples e bastante fáceis de resolver, mas à medida que vamos desbloqueando novos mundos a coisa torna-se complexa e obriga-nos a darmos uso à massa cinzenta.

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Talvez para jogadores mais habituados a jogos como o Portal, o nível de dificuldade dos puzzles de COCOON não seja o mais estimulante. Esta é de resto uma das críticas que se pode fazer ao jogo, o nível de dificuldade dos puzzles.

Na nossa experiência pessoal não encontrámos grandes obstáculos na resolução dos puzzles. Com exceção para alguns mais perto do final do jogo, a maioria são resolvidos numa questão de poucos minutos, por vezes até menos.

Esta facilidade encurta a longevidade da experiência, é verdade que não o faz de uma forma dramática para o jogador casual ou para aquele que nunca jogou este género de jogos. Mas no nosso caso terminámos o jogo com a sensação de que não lhe teria feito mal se tivessem aumentado um pouco mais a dificuldade nesta área.

Infelizmente COCOON é uma experiência bastante curta com uma duração média de 5 horas dependendo do jogador. Quem não compreender bem a lógica poderá demorar mais tempo, já quem entender rapidamente as mecânicas é capaz de terminá-lo em menos de 5 horas.

É sem dúvida uma desvantagem que é no entanto mitigada pelo facto de toda a experiência, do principio ao fim, ser de uma qualidade tremenda. São cinco horas é verdade, mas são cinco horas memoráveis!

Um jogo tecnicamente excelente

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COCOON pode não ser o jogo perfeito mas deve-lhe ser reconhecido o mérito de ser tecnicamente excelente. A apresentação; o grafismo; o trabalho artístico; a banda sonora; os efeitos de som todos possuem muita qualidade.

Vindo de quem vem nós esperávamos que fosse esse o caso, mesmo assim não deixa de ser surpreendente o que o mercado de videojogos independentes consegue produzir nos nossos dias.

COCOON é sem dúvida uma aventura sublime que não precisa de recorrer a ação caótica, diálogos exagerados ou violência gratuita para sobressair. Não existem muitos jogos assim.

Outras fontes para o vídeo: Dailymotion | Twitch

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Última atualização: Abril 1, 2024 às 10:31

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Marcio Olival

O Márcio é uma das forças editoriais da Gaming Portugal, ele também faz um pouco de tudo mas a sua preferência reside nos artigos de opinião. Regra geral ele não é comedido nas palavras, porém em vez de optar pela dureza extrema ele prefere quase sempre pelo sentido de humor.

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Helder Sousa

Adepto do ar livre e dos desportos radicais, nós nunca sabemos se no próximo fim-de-semana ele não irá longe demais, levando a equipa a ficar com um elemento a menos. Quer dizer, o exercício é uma coisa boa, mas quando isso envolve quedas de grandes alturas ou escaladas perigosas, talvez seja melhor ficar em casa a jogar videojogos.

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