SteamWorld Build é um jogo de estratégia e gestão de cidades que nos transporta para um mundo “steampunk” que está a morrer e no qual nós somos a única esperança de salvação.
Os jogos “SteamWorld” fazem parte de um “franchise” que já nos acompanha há 14 anos. SteamWorld Build é o sexto título e marca uma nova mudança de género. Desta vez temos à nossa frente uma experiência de estratégia e gestão de cidades.
O que a maior parte dos jogos deste “franchise” têm em comum é qualidade. De facto, mesmo com várias mudanças de género desde defesa por torres, passando por plataformas 2D e RPG’s, os jogos “Steamworld” raramente desiludem e SteamWorld Build foi recebido com surpresa porque na altura ninguém esperava mais uma incursão num novo género de jogo.
Claro que a surpresa foi acompanhada também por muito entusiasmo, porque se existe Universo ideal para uma aventura deste género, ele é seguramente aquele criado pelos jogos “SteamWorld”.
A história de um planeta a morrer
O planeta está a morrer e Jack Clutchsprocket e a sua filha Astrid Clutchsprocket chegam a Grand Gully guiados por uma estranha entidade alienígena.
Segundo a entidade, neste local existem ruínas de uma civilização antiga que possuem tecnologia que depois poderá ser utilizada para eles escaparem do planeta.
No entanto para chegar a essa tecnologia será necessário estabelecer uma cidade, reativar uma mina abandonada e cavar fundo para encontrar a salvação.
Mas nem tudo será fácil porque construir uma cidade, gerir a sua expansão e funcionamento será fundamental para sermos bem sucedidos.
Ao bom estilo dos jogos “SteamWorld” a história é-nos apresentada de forma exuberante cheia de personagens carismáticas. Está também presente o sentido de humor característico do “franchise” e a apresentação não poderia ser melhor.
Construir, gerir, expandir e minar
SteamWorld Build é o clássico criador e gestor de cidades, ou seja, a nossa missão é construir, gerir a cidade, continuar a expandi-la e ser bem sucedido no processo.
Na história do jogo o objetivo final é o de meter as mãos em cima de tecnologia alienígena que por sua vez poderá ser utilizada para que tu e os teus cidadãos possam fugir de um planeta a morrer.
No entanto enquanto isso não acontece será necessário garantir que todos aqueles que habitam a cidade estão preparados para contribuir ativamente na mesma.
Vais precisar de todo o tipo de trabalhadores e isso implica a construção de habitações, fábricas; lojas; locais de entretenimento e basicamente tudo o que faz uma cidade funcionar mas com um “twist” relacionado com o facto de este ser um mundo habitado por robôs.
Uma das particularidades deste jogo, que tanto pode ser encarado como uma qualidade ou um defeito, é a sua simplicidade. A jogabilidade e as mecânicas de jogo são simples e fáceis de se perceber.
Quando escrevemos “simplicidade” estamos a referir-nos mais a “simplicidade para o género de jogo”. Ou seja, para a complexidade que costuma ser um jogo de gestão de cidades, SteamWorld Build até é dos mais fáceis de se perceber as mecânicas e começar a jogar.
Dito isto, a simplicidade pode ser encarada de duas maneiras: ela torna a experiência mais convidativa para novatos porque SteamWorld Build deve ser dos jogos mais fáceis de se jogar dentro do género.
Já para os veteranos, não obstante de ser uma experiência divertida, a simplicidade significa que durante a maior parte do tempo não terão grandes problemas para gerirem as cidades e minas mais complexas.
Outra boa notícia para os novos jogadores no género é a de que o jogo possui um tutorial bastante extenso e elucidativo que explica as mecânicas de jogo; a função dos edifícios; os objetivos que necessitam de ser atingidos e muito mais.
As “portas abrem-se mais um pouco” quando finalmente temos acesso à mina e passamos a gerir não só a cidade mas os trabalhos de escavação na mina. Na mina conseguimos materiais valiosos, que por sua vez nos ajudam no processo de expansão da cidade.
As gestão da cidade e da mina estão interligadas, uma precisa da outra para progredir. Podemos alternar entre uma e outra instantaneamente e isso permite-nos solucionar quaisquer problemas com enorme rapidez.
Para continuarmos a expandir a cidade é importante garantir que as necessidades dos robôs que a habitam são satisfeitas. Se isso não acontecer poderemos ter um desastre em mãos e os trabalhadores não estarão dispostos a dar o seu máximo.
A experiência base está bem conseguida e é muito divertida. A simplicidade até nem é um incómodo assim tão grande e o nosso maior problema com ela é mesmo o facto de ser demasiado curta.
Depois de completarmos a história ainda há muito que podemos fazer, o problema é que depois disso a jogabilidade torna-se demasiado repetitiva e previsível independentemente do mapa em que jogamos.
Felizmente o DLC “Mechanized” ajuda a resolver um pouco este problema e é indicado para quem ficar com a sensação que explorou o jogo base mas gostaria de continuar a jogar mais.
O Grafismo
SteamWorld Build é um jogo muito bem desenhado, nós diríamos que neste departamento está entre os melhores do género.
A qualidade gráfica é boa e a arte característica do “franchise” também encaixa muito bem com o género de estratégia. O nível de detalhe é notável e praticamente em qualquer fábrica podemos ver ao pormenor o seu funcionamento.
Não podemos dizer que ficámos surpreendidos porque já esperávamos qualidade, ou não pertencesse este jogo a um “franchise” de peso, mas é sempre boa notícia quando as nossas expectativas são cumpridas e, neste caso, até ultrapassadas.
A atenção ao detalhe revela o enorme volume de trabalho que está por detrás deste jogo e isso faz com que ele seja visualmente das experiências de gestão de cidade mais bem conseguidas que andam por aí.
O Som
É mais um departamento onde esperávamos qualidade e não ficámos desiludidos. Aliás quem jogou títulos deste “franchise” vai reconhecer muitos dos efeitos sonoros e com toda a certeza a música será familiar.
Tal como no grafismo também o som está cheio de detalhes que ajudam a dar vida à cidade e contribuem para a imersão.
Uma experiência simples, divertida e envolvente
O género de “gestão de cidades” não é seguramente o mais fácil de se entrar. Pelo contrário, ele conta com jogadores exigentes que “abraçam” a complexidade e tentam sempre retirar o máximo partido de qualquer videojogo.
SteamWorld Build pode não ser o jogo de gestão de cidades mais robusto e completo no mercado, mas é uma das experiências mais sólidas e bem elaboradas dentro do género. E claro, é apenas o primeiro jogo que marca a entrada do “franchise” neste género.
A adição do DLC embora envolva maior investimento financeiro, adiciona longevidade à experiência e deve ser considerada por quem está interessado no jogo e já é veterano por estas andanças.
No entanto, para quem pretende dar os seus primeiros passos dentro do género, o jogo base talvez seja o suficiente.
Ao final do dia o que mais interessa é que uma experiência de jogo seja divertida e envolvente e SteamWorld Build preenche com facilidade estes requisitos.
SteamWorld Build na Humble StoreEste jogo encontra-se disponível na nossa loja parceira. Se comprares utilizando o botão em baixo estarás a ajudar diretamente a Gaming Portugal e os nossos parceiros.
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Última atualização: Abril 26, 2024 às 21:43
Helder Sousa
Adepto do ar livre e dos desportos radicais, nós nunca sabemos se no próximo fim-de-semana ele não irá longe demais, levando a equipa a ficar com um elemento a menos. Quer dizer, o exercício é uma coisa boa, mas quando isso envolve quedas de grandes alturas ou escaladas perigosas, talvez seja melhor ficar em casa a jogar videojogos.
Marcio Olival
O Márcio é uma das forças editoriais da Gaming Portugal, ele também faz um pouco de tudo mas a sua preferência reside nos artigos de opinião. Regra geral ele não é comedido nas palavras, porém em vez de optar pela dureza extrema ele prefere quase sempre pelo sentido de humor.