Evercade Retrogaming Reviews

Evercade: retrogaming portátil

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O mercado das consolas é bem mais vasto do que se julga e para além das grandes consolas (Playstation, Xbox e Nintendo) existe um segmento em particular que tem vindo a crescer: as consolas de retrogaming. Hoje damos uma vista de olhos naquela que é muito provavelmente uma das mais interessantes consolas retro no mercado: a Evercade.

A Evercade é uma consola portátil moderna e toda ela dedicada à experiência do retrogaming adaptada aos tempos modernos. Ela traz a glória dos grandes jogos para um pequeno aparelho que, à semelhança do que acontece com a Switch, também pode ser conectado à TV.

Nós por cá temos seguido a evolução da Evercade ao logo dos anos e foi com satisfação que assistimos ao lançamento oficial no final do ano passado. Desde cedo a consola revelou um enorme potencial, não só por transportar clássicos para uma consola moderna, como também pelo facto de contar com versões físicas dos seus jogos em formato de “cartucho”.

Para quem não sabe o formato “cartucho” foi muito popular durante uma grande parte da história dos videojogos. Consolas como a Super Nintendo, o Game Boy ou a Mega Drive todas usavam este formato que sempre fez as delicias dos coleccionadores.

E Evercade, em jeito de celebração desses tempos, decidiu seguir o mesmo caminho com a introdução de cartuchos e caixas que relembram outros tempos. É verdade que ela está longe de ser a única retro-consola portátil no mercado, mas também é verdade que ela é a única que consegue captar a glória do formato físico dos videojogos.

Para além disso esta consola possui um catálogo de jogos todos eles devidamente licenciados e só isso coloca-a alguns patamares acima da maior parte das suas concorrentes no mercado.

Mas o que torna a Evercade especial?

E mais importante:

Será esta consola uma boa aquisição não só para “old school gamers” como também para a nova geração de jogadores?

A resposta está nas linhas que se seguem…

Simples, portátil e moderna

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A Evercade é uma consola portátil dedicada ao retrogaming, é simples e moderna na sua abordagem, mistura o estilo clássico das consolas do passado mas faz também uso das potencialidades dos nossos dias.

Pegar numa consola destas oferece um vislumbre do passado e para alguns de nós (os mais velhotes da equipa) ela proporciona uma viagem até à nossa infância. Ainda nos recordamos da sensação que foi pegar pela primeira vez numa Atari Lynx ou num Game Boy e naquela altura era como se estivéssemos literalmente a “pegarmos no futuro”.

É curioso que tantos anos depois nós voltemos a sentir algo semelhante com a Evercade com a grande diferença que agora o “futuro” foi substituído pelo “passado”.

Esta consola é uma celebração da chamada “era de ouro” do mundo dos videojogos. Ela atravessa gerações com um catálogo de jogos que continua a crescer e oferece frescura às experiências antigas tornando-as actuais de forma a que possam ser desfrutadas pelos mais novos.

Como se isso não bastasse ela traz consigo os “cartuchos” e as caixas que são o sonho de qualquer coleccionador. Nesta medida estamos perante um produto que é inegavelmente especial e único no mercado.

Mas olhemos para a consola propriamente dita:

  • CPU: 1.2GHz Cortex-A7
  • Ecrã: LCD Horizontal 4.3 polegadas, 480×272 pixels
  • Bateria: Recarregável 2,000-mAh
  • D-Pad: clássico para emular as consolas antigas;
  • Porta Mini HDMI: para ligar a consola à TV e jogar no grande ecrã (cabo não incluído);
  • Som: Dual Speakers e entrada de ligação para headphones;
  • Autonomia: 4.5 horas;
  • Formato dos jogos: cartuchos (vários jogos por cartucho).

A consola vem com um cabo para o seu carregamento via USB, no entanto não traz um transformador. Não que isso seja um problema porque praticamente qualquer carregador de telemóvel funciona com esta consola, o que é uma excelente notícia porque significa que não necessitamos de levar connosco cabos ou transformadores adicionais quando viajamos.

O que também não vem incluído é o cabo HDMI/Mini HDMI para ligar a consola à TV. Uma decisão compreensível porque afinal de contas a Evercade foi construída para ser principalmente uma experiência portátil.

Robusta, confortável e um bom encaixe nas mãos

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Tendo em conta o seu preço reduzido a Evercade é um produto com uma qualidade de construção acima da média. A consola é volumosa e mais uma vez faz relembrar aquelas portáteis do passado que nos ocupavam bem melhor as mãos do que as actuais.

Nós bem sabemos que as portáteis modernas têm uma tendência natural para serem cada vez mais finas, contudo o que ganham em finura perdem em confortabilidade. No caso da Evercade a confortabilidade está no ponto e aliás ela revela-nos que um pouco mais de espessura (sem exageros obviamente) pode ser uma excelente ideia para qualquer plataforma portátil.

O design tem um estilo retro mas é elegante e no que diz respeito às cores as nossas opiniões dividem-se. Nós recebemos a variação branco/vermelho que pelo que conseguimos apurar é a única disponível em território nacional. Sabemos no entanto que uma consola preta/vermelha (bem mais bonita) chegou a ser vendida no Reino Unido e quem sabe, talvez no futuro sejam disponibilizadas mais cores.

Colorações à parte, a realidade é que esta consola é um pedaço de hardware surpreendentemente bonito com acabamentos muito bons e atendendo ao seu preço, não temos dúvidas, ela é do melhor que já vimos dentro do segmento das retro-consolas portáteis.

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Os controles são compostos pelos clássicos “A-B-X-Y“; o gatilhos superiores “L-R” localizados no topo; obviamente o “START” e o “SELECT“; um botão de “MENU” para aceder às opções de emulação; um “D-PAD” clássico; os botões que controlam o volume estão na parte inferior da consola e finalmente o botão para a ligarmos a Evercade encontra-se no topo.

Todos os botões são excelentes ao toque, não existe aquele plástico reles muito habitual sobretudo em produtos asiáticos do segmento, nada disso, os botões desta consola são suaves e desde o primeiro momento a sensação é a de estarmos a tocar num produto “premium”.

É um feito impressionante para a Blaze Entertainment se tivermos em conta que estamos a falar de uma consola de preço acessível e que para além disso ainda suporta um formato físico de videojogos.

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Geralmente esta qualidade de fabrico significa um investimento mais elevado para os jogadores mas a Evercade, no seu pacote mais básico disponível em território nacional, não supera a marca dos 69.99€ o que de facto é um belo preço.

Embora nós esperássemos que uma companhia europeia fosse capaz de elevar os padrões de qualidade dentro do segmento, foi com surpresa que esta consola superou todas as nossas expectativas no departamento da qualidade de fabrico.

Ela pode ser uma homenagem a um passado memorável mas isso não a impede de ser muito moderna na sua abordagem e se hoje estamos a falar da sua inevitável ligação ao retrogaming, a realidade é que ela revela potencial não só para a emulação como também para albergar jogos independentes mais modernos.

Os cartuchos, o licenciamento e o coleccionismo

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Um dos principais elementos distintivos da Evercade é o facto de contar com versões físicas dos videojogos em formato de cartucho. Mais uma vez a Blaze Entertainment homenageia a “era de ouro” do mundo dos videojogos e oferece um vislumbre do passado.

Sejamos francos, o formato físico tem vindo a perder força durante os últimos anos e as plataformas de distribuição digital são cada vez mais populares. Se por um lado é muito mais fácil comprar e começar a jogar um videojogo, pelo o outro são muitos os jogadores que se sentem cada vez menos proprietários dos seus videojogos quando os adquirem em formato digital.

A Blaze Entertainment decidiu colocar os videojogos nas mãos dos jogadores com a criação dos seus próprios cartuchos, algo inédito no mercado das consolas portáteis retro. Para além disso os jogos estão todos devidamente licenciados e os cartuchos vêm no interior de caixas acompanhados pelos seus respectivos manuais num formato que relembra, por exemplo, as antigas caixas da Mega Drive, muito embora as dos jogos da Evercade sejam de dimensão mais reduzida.

Para ficares com um termo de comparação aqui está uma caixa Evercade por cima de uma de um jogo da Nintendo Switch:

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E aqui fica um olhar no interior de uma caixa:

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Bem sabemos que qualquer “retrogamer” que se preze dá muita importância ao formato físico e é geralmente um ávido coleccionador de consolas e videojogos antigos. Foi talvez a pensar neste público que a Blaze Entertainment decidiu oferecer aos seus clientes a possibilidade de coleccionarem os jogos da sua plataforma.

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Desde o seu lançamento oficial o catálogo tem vindo a crescer a um bom ritmo com a Evercade a contar, neste momento, com mais de 280 jogos. Aliás recentemente foram anunciados os cartuchos “ARCADE” que deverão chegar em Novembro deste ano e que nos vão trazer alguns dos títulos mais populares das máquinas “ARCADE”.

Os preços dos jogos também são encorajadores e estão entre os 17€ e 24€, relembrado que neste momento são todos cartuchos multi-jogos, ou seja, têm no interior sempre mais do que um videojogo.

Uma boa experiência mas que carece de um mapeamento de botões mais completo

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O funcionamento da Evercade é muito simples, basta colocar o cartucho, ligar a consola e começar a jogar. Se por acaso pretendermos mudar de cartucho basta regressar ao menu principal, substituir o cartucho e começar uma nova aventura.

Como referimos em cima, o seu design e a qualidade de fabrico garantem uma boa experiência. Segurar a consola não se torna cansativo nem depois de uma longa sessão de jogo e isso é excelente! No entanto a consola tem um problema, que apesar de não ser sério (e de provavelmente ter resolução), causa alguma irritação.

O mapeamento de botões é praticamente inexistente e só se encontra disponível em alguns jogos de uma forma limitada na qual podemos alternar diferentes combinações pré-definidas. Não há um mapeamento “à séria” no qual podemos configurar os controles à nossa medida.

No geral não é um problema muito sério e reparámos que os updates de “firmware” mais recentes têm tentado resolver esta questão. Talvez no futuro o mapeamento de botões receba um upgrade mais significativo, até lá ele é claramente um ponto fraco em toda a experiência.

Videojogos, divertimento e nostalgia

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Ao final do dia o mais importante são os videojogos e o divertimento que conseguimos obter quando os jogamos. A Evercade possui alguns cartuchos muito interessantes, a primeira colecção da Interplay, por exemplo, inclui o aclamado Earthworm Jim e o sempre divertido Boogerman: A Pick and Flick Adventure. A experiência em ambos os jogos é francamente boa e a emulação é excelente e ambos os jogos permanecem bastante actuais.

No total nós jogámos 76 jogos ao longo de seis colecções (ou seja seis cartuchos) da Evercade. É de facto “muita fruta” não esquecendo que são jogos de diversas plataformas, alguns de Mega Drive, outros de Super Nintendo, de consolas Atari e por fora.

A experiência manteve-se sempre muito boa ao longo de todos os jogos independentemente da plataforma que estava a ser emulada. A Evercade parece ser capaz de correr qualquer jogo de consolas mais antigas sem grandes problemas e esperamos ver no futuro ainda mais plataformas a receberem o mesmo tratamento.

No que diz respeito às configurações da emulação, não existem muitas disponíveis:

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Como é possível ver pela imagem, podemos alternar entre a resolução original ou uma que ocupe o ecrã na sua totalidade. É possível aumentar ou diminuir o brilho do ecrã, remover os sons quando utilizamos o menu e mudar a linguagem. Embora na imagem de cima a linguagem seja o inglês, o português também está disponível.

As opções são talvez demasiado escassas quando essencialmente estamos a falar de emuladores, que nós sabemos, permitem mais configuração do que aquela que nos é disponibilizada pela consola. Mas o que é certo é que independentemente disso os jogos que tivemos a oportunidade de testar correm às mil maravilhas sem qualquer tipo de soluços ou outros problemas comuns na emulação.

A qualidade da emulação é mesmo um dos pontos fortes da plataforma. Todos os jogos da Evercade têm um início quase instantâneo e proporcionam experiências coladas às suas versões originais que, em alguns casos, chegam a ser superiores graças às maravilhas da tecnologia moderna.

Finalmente ainda podemos ligar esta consola à TV com um cabo HDMI/Mini HDMI. É interessante que a opção esteja disponível, porém ela desafia um pouco o objectivo principal desta plataforma que é o de ser uma experiência portátil. Apesar disso a ligação à TV funciona muito bem, mas se é uma consola mais tradicional que procuras então a boa notícia é que a Blaze Entertainment já tem “na calha” a Evercade VS que é precisamente a sua consola tradicional.

Ora vê:

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E por falar em Evercade VS, a nova consola tem lançamento agendado para Novembro deste ano e todos os jogos da Evercade portátil serão compatíveis também com esta consola. Em adição a consola portátil também vai poder ser usada como um comando adicional e a Evercade VS ainda vai trazer consigo toda a glória do FULL HD. Mas isso é uma história para outra opinião…

Os preços e onde comprar?

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Finalmente chegámos aos preços e a boa notícia é que eles são muito acessíveis. Nós recomendamos a compra através dos nossos parceiros oficiais da Amazon. A Amazon de Espanha é a loja que melhor funciona para Portugal até porque mandar vir do Reino Unido resultaria em taxas alfandegarias adicionais (visto eles já não se encontrarem na União Europeia).

As alternativas são duas:

  1. Evercade Premium Pack 80,69€ – A consola com três colecções (Namco Museum Colecção 1, Atari Colecção 1 e Interplay Colecção 1 );
  2. Evercade Starter Pack 69,99€ – A consola com uma colecção (Namco Museum Colecção 1).

Neste momento existem muitos jogos disponíveis e é importante ficar a conhecer um pouco melhor as colecções antes de tomares uma decisão.

Independentemente da escolha podemos afirmar com segurança que há aqui uma excelente relação qualidade/preço. Também poderás encontrar à venda na Amazon todas as colecções actualmente disponíveis e até a pré-compra da Evercade VS.

Se és fã de retrogaming e gostarias de ter um vislumbre do que tem sido o mundo dos videojogos ao longo de várias gerações, se és um “old school” gamer que quer reviver o passado ou começar a construir uma nova colecção de videojogos, então a Evercade é uma consola altamente recomendada e sem paralelo no mercado.

Última atualização: Novembro 8, 2022 às 21:17

Prós
  • Qualidade de fabrico
  • Jogos físicos diferenciam-na da concorrência
  • Retrogaming portátil
Contras
  • Catálogo de jogos ainda algo limitado
  • Qualidade do ecrã poderia ser melhor
  • Mapeamento de botões devia ser melhor
VEREDICTO
A excelência do retrogaming portátil!
As últimas palavras

A Evercade é simples, divertida e muito nostálgica. Os jogos físicos diferenciam-na da concorrência e para além disso a qualidade do fabrico é absolutamente fantástica tendo em conta o seu preço. Com um catálogo de jogos que cresce a cada dia que passa e updates de software que vão melhorando a experiência, nós acreditamos que ela pode tornar-se num pequeno colosso dentro do seu segmento. Quem sabe, talvez até os jogos independentes modernos possam encontrar nesta plataforma uma "casa" ideal? O que é certo é que o futuro advinha-se promissor e com a consola tradicional para breve, a Blaze Entertainment ainda parece ter muito para dar à indústria.

4.6
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Paulo Figueiredo

O Figueiras é um elemento fundamental da Gaming Portugal e a figura mais respeitada da equipa. A sua vida atarefada impede-o de acumular uma posição de maior destaque. A sua participação na Gaming Portugal é motivada principalmente pelo gosto por gaming e dá-lhe um prazer especial saber que nesta casa a “independência” é uma característica definidora.

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Ary Costa

Ele foi a força fundadora por detrás da Gaming Portugal e conseguiu reunir uma equipa competente e muito unida. É principalmente um elemento que trabalha nos bastidores e que ocasionalmente publica artigos.

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Marcio Olival

O Márcio é uma das forças editoriais da Gaming Portugal, ele também faz um pouco de tudo mas a sua preferência reside nos artigos de opinião. Regra geral ele não é comedido nas palavras, porém em vez de optar pela dureza extrema ele prefere quase sempre pelo sentido de humor.

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